Morreu esta quarta-feira Magdalena van Zeller. Tinha 76 anos e foi uma das melhores cravistas portugueses. Foi também realizadora e produtora da RDP/Antena 2, para a qual programou, durante anos, os Concertos ao Vivo da Antena 2.

Nasceu em Lisboa em 1940, tirou o curso de música no Conservatório Nacional após o que estudou piano, com grandes mestres, em Inglaterra e na Suíça. Regressada a Portugal, elegeria o cravo como seu instrumento favorito, consagrando-lhe toda a sua carreira musical. Dedicando-se especialmente à musica antiga, tocou com diversas orquestras portuguesas, designadamente a Orquestra Gulbenkian.

A sua interpretação do Concerto de Carlos Seixas, considerada de “excelência” por diversos musicólogos e críticos, transformou-se numa espécie de assinatura de musical de Magdalena van Zeler. A cravista exerceu também durante muitos anos a atividade de produtora musical na Antena 2, de onde estava atualmente já reformada.

“Magdalena vanZeller foi durante anos a mais eminente cravista portuguesa” disse ao Observador o crítico Augusto M. Seabra, sublinhando o que considerava ser a personalidade musical desta cravista: “Há pessoas que apenas se dedicam ao seu instrumento e outras que mais latamente se interessam pela música. Era este o seu caso, pelo que não foi por acaso que a vimos trabalhar, durante muitos anos, no Programa Dois da RDP”.

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“Magdalena van Zeller foi uma figura pioneira da maior relevância na redescoberta da Música Antiga em Portugal”, recordou por seu turno o musicólogo Ruy Vieira Nery: “Aluna de Maria Malafaia no Conservatório Nacional, especializou-se depois em Inglaterra e tornou-se numa das mais respeitadas cravistas portuguesas da sua geração, como intérprete consagrada de compositores do Barroco como Carlos Seixas e Sousa Carvalho, mas também das modinhas luso-brasileiras do final do século XVIII (com as vozes de Elsa Saque e Fernando Serafim) e ainda do repertório de cravo do século XX, tanto de autores portugueses contemporâneos como de obras de referência internacional como o concerto de Cravo de Manuel de Falla, que tocou por diversas vezes com a Orquestra Gulbenkian, entre outras”.

Foi distinguida com o prémio do Conservatório de Lisboa e o Prémio Luiz Costa, da escola do Porto e entre as atuações da cravista contam-se, na última década, os concertos do ciclo Música Barroca em Cascais, dedicados a Johann Sebastian Bach, com o violinista Vasco Barbosa, falecido em fevereiro, e o programa dedicado a Mozart, com o Quarteto Atalaya, no Auditório Amélia Rey Colaço, em Algés.

O funeral realiza-se na sexta-feira, às 14:00, a partir da igreja do Campo Grande para o cemitério do Alto de São João, em Lisboa.