Um conjunto de dez organizações não-governamentais (ONG) divulgaram uma carta aberta a exigir o fim da “repressão às vozes independentes”, quando falta menos de um mês para as eleições presidenciais na Guiné Equatorial.

“O Governo do Presidente Teodoro Obiang Nguema Mbasogo deve parar imediatamente a repressão das vozes independentes nas vésperas das eleições presidenciais”, lê-se na missiva assinada, entre outras, pela Human Rights Watch, EG Justice, Freedom House, Global Witness e Associação para os Direitos Humanos de Espanha.

“O Presidente Obiang, no poder desde 1979, está a procurar a reeleição numa votação apressadamente convocada para 24 de abril; é o chefe de Estado fora da realeza que está há mais tempo no poder a nível mundial e o seu regime tem sido marcado por uma longa repressão”, acrescenta a carta aberta.

A ‘gota de água’ que desencadeou esta ação conjunta das 10 ONG foi a ordem para suspender indefinidamente as atividades do Centro de Estudos e Iniciativas para o Desenvolvimento, dada pelo ministro dos Assuntos Internos, alegadamente por causa de comentários feitos durante uma reunião do Centro, em janeiro.

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“O grupo rejeita que os comentários feitos no fórum juvenil tenham constituído ‘mensagens que incitam à violência e à desobediência civil’, e mantém que os comentários dos participantes no fórum estão bem dentro dos limites do exercício legítimo da liberdade de expressão”, diz a carta divulgada hoje no site destas organizações.

A suspensão, lembram, surge no seguimento de outras medidas “que visam reprimir o ativismo cívico independente no país”, exemplificando com a obrigatoriedade de cancelamento do fórum um dia depois de ter começado, apesar da participação de 150 jovens de várias partes do país.

Em agosto do ano passado, o governo demitiu a administração da Casa de Cultura de Rebola que foi substituída por elementos do partido no poder e “na altura, o ministro do Interior foi citado dizendo que as atividades do centro cultural ‘eram contra as ideias do partido no poder e eram inconstitucionais'”, lê-se no documento que sintetiza a visão destas dez ONG sobre o que se passa na Guiné Equatorial.

“Em vez de permitir aos cidadãos a participação no período pré-eleitoral, o Governo da Guiné Equatorial está a criar um ambiente cada vez mais hostil”, comentou o ativista exilado Tutu Alicante, que é também o diretor executivo da ONG EG Justice.

“Esta repressão esmagadora contra as organizações da sociedade civil revela os esforços do Governo para silenciar ainda mais as vozes independentes e mostra o ambiente repressivo e hostil que está a ser alimentado nas vésperas das eleições”, acrescentou o vice-presidente executivo para as relações externas da Freedom House, Daniel Calingaert.