O julgamento do ex-presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, pelos crimes de difamação, injúrias e abuso de liberdade de imprensa contra o historiador e militante do PS António Fernandes Loja foi hoje adiado, sem nova data.

Esta foi a segunda vez que o julgamento foi adiado. A primeira foi a 17 de fevereiro.

No Tribunal da Comarca da Madeira apenas compareceram hoje António Loja e as suas testemunhas abonatórias, não tendo marcado presença, como já tinha sido transmitido previamente, Alberto João Jardim ou o seu advogado de defesa, Guilherme Silva.

Segundo António Loja, na base do adiamento do julgamento está “um requerimento longo do advogado de defesa de Alberto João que deu entrada ontem [quinta-feira] no tribunal e que o juiz tem de analisar”.

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O historiador considera ter sido “indecentemente vilipendiado” e espera que o tribunal condene Alberto João Jardim como “difamador e insultador”.

António Loja disse ainda que “a única pessoa que podia iniciar um entendimento seria o doutor Alberto João”: “Teve todo este tempo, não o fez, o assunto regressa ao inicial. É tarde, muito tarde”.

João Jardim responde em tribunal por dois artigos de opinião – sob o título “A loja dos rancores” – publicados no Jornal da Madeira a 23 e 26 de novembro de 1994.

“Era marxista há menos de oito dias, agora é só interpretação histórica”; “tão pirado que não vê as próprias grosserias e descobre-as nos outros”; “não fui eu que andei com perseguições após o 25/4 [25 de Abril]”; “nunca andei a espreitar funcionários policialmente”; “a criatura endoidou”; “ordinarote” e “o homenzinho, ao ler isto, caem-lhe mais três dentes, dois de raiva e um de senilidade” foram algumas das expressões e frases utilizadas pelo então líder madeirense, segundo a acusação.

No processo, foi deduzida acusação particular e feito um pedido cível de indemnização no valor de 600.000 escudos (perto de 3.000 euros) contra o social-democrata.

O ex-governante riposta, por seu lado, que as expressões utilizadas foram empregues no âmbito do debate político.

Alberto João Jardim foi presidente do Governo Regional da Madeira entre 18 de março de 1978 e 12 de janeiro de 2015.

Manteve-se como presidente em exercício até 20 de abril de 2015, dia da tomada de posse de Miguel Albuquerque, que o sucedeu na liderança do PSD/Madeira.

Alberto João Jardim tornou-se no político com maior longevidade no poder em Portugal, destronando Oliveira Salazar.