Um médico britânico admitiu ter fornecido substâncias de doping a mais de 150 atletas, incluindo futebolistas da liga inglesa e ciclistas da Tour de France. A informação é avançada por uma investigação do Sunday Times que se serviu de um atleta com uma câmara oculta para gravar as afirmações do médico.

Bonar, o médico confessou ter fornecido substâncias proibidas a “muitos atletas profissionais” e acabou por passar uma receita de hormonas de crescimento e esteroides ao atleta que foi à consulta a mando do jornal britânico.

Entre os clubes cujos jogadores terá tratado, Bonar nomeou o Arsenal, Chelsea, Leicester City e Birmingham City. Os quatro clubes negaram as alegações.

O médico acredita que por se especializar em tratamentos de envelhecimento e por operar a partir de uma clínica privada, o seu trabalho não é regulado pelo General Medical Council (GMC) e que cabe aos atletas garantir que as substâncias que tomam não são proibidas.

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Bonar não tem, de momento, licença para exercer devido a uma acusação de ter omitido a uma paciente que o seu cancro era terminal, para que pudesse continuar a vender-lhe tratamentos de regime nutricional. O processo ainda transita em julgado, mas a clínica em que trabalhava já revelou que Bonar deixou de trabalhar lá, visto que não tem licença para exercer no Reino Unido.

As autoridades britânicas estão agora a investigar o caso. A UK Anti-Doping (UKAD) vai iniciar uma investigação independente e vai avaliar as falhas no processo de comunicação com as autoridades, visto que já tinham sido alertados para o caso dois anos antes, avança o The Guardian.

A UKAD explicou, em comunicado, que os seus campos de ação estão limitados uma vez que só podem investigar “atletas e comitivas, incluindo médicos que sejam dirigidos por um clube desportivo”. Em 2014, altura em que surgiu a primeira acusação a Bonar, a UKAD não tinha provas suficientes para passar o caso à GMC.

A GMC tem a referência de que Bonar não tem licença para exercer desde junho do ano passado, como tal, não pode, por exemplo, passar receitas. As acusações feitas ao médico vão ser agora analisadas com “urgência” pela entidade. O chefe executivo da GMC, Niall Dickinson, garante que o “Dr. Bonar não tem de momento licença e como tal não pode praticar medicina no Reino Unido. Qualquer doutor sem licença que continue a exercer funções privilegiadas de um médico está a cometer uma grave violação das nossas diretrizes, e potencialmente uma ofensa criminal.”

O caso está a agitar o mundo do desporto no Reino Unido, mas não há provas de que os clubes da primeira liga tenham conhecimento desta prática. O Sunday Times acrescenta ainda que não tem provas independentes de que os jogadores estivessem a ser tratados.