Francisco de Lacerda falava no jantar-debate organizado pela Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), que decorreu na terça-feira à noite em Lisboa. De acordo com o presidente dos CTT, que lidera a empresa desde 2012, a privatização dos CTT “foi um desafio interessante”, mas “fazer um banco é também um desafio e peras”.

Questionado sobre se foi a privatização que permitiu que o projeto do BancoCTT avançasse, Francisco de Lacerda disse que “em certa medida foi”. Isto porque na privatização dos CTT foi incluída, nos ativos da empresa, a possibilidade dos Correios de Portugal virem a ter uma licença bancária, na altura denominado Banco Postal, o que maximizava o valor da entidade.

“Desse ponto de vista, isso permitu vencer, de facto, bloqueios de várias décadas de várias instituições que tinham intervenção na concessão da licença e depois na concretização do banco”, adiantou.

O BancoCTT arrancou no passado dia 18 de março com a presença em 52 lojas em todo o país. “É um fenómeno curioso”, considerou Francisco de Lacerda em relação ao BancoCTT.

“Nós não gastamos até hoje um euro de publicidade em relação ao banco (…), mas hoje, até à data, em Portugal, quem ainda não ouviu falar do banco é porque tem estado no estrangeiro”, comentou. A partir do próximo fim de semana os CTT arrancam com uma campanha de publicidade sobre o BancoCTT.

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Francisco de Lacerda reiterou a aposta dos Correios de Portugal na eficiência e na capacidade de geração de ‘cash-flow’ e “um histórico de criação de valor para o acionista”. “Com o banco estamos certos que vamos acrescentar mais um capítulo a esta realidade sem descurar tudo o resto”, salientou. A estratégia dos CTT assenta nos segmentos dos correios, expresso e encomendas e serviços financeiros.

Sobre se a empresa vai intervir ativamente no processo de consolidação da banca em Portugal, o presidente dos CTT disse que “dificilmente” tal acontecerá. “Estamos a falar dos grandes [bancos] consolidarem um com os outros”, apontou. No entanto, este processo de consolidação entre grandes bancos poderá permitir “um bocadinho” a abertura “de mais espaço para entidades ágeis que consigam crescer com mais facilidade”.

Relativamente à possibilidade de o BancoCTT alargar a oferta ao setor empresarial, Francisco de Lacerda descartou essa possibilidade no que respeita a grandes empresas.

Sobre o alargamento da oferta particular a “quase particulares”, ou seja, pequenos negócios, isso “é uma coisa que acontecewrá ao longo dos próximos anos”.

No que respeita à parceria dos CTT com Altice (dona da PT Portugal), Francisco de Lacerda afirmou: “Estamos agora em passos que veremos daqui a algum tempo até onde nos levam.” “Obviamente que todos percebemos que quando a Altice tomou conta da PT a prioridade” não era o acordo de sinergias com os CTT, acrescentou, embora sempre tenha mantido um diálogo com a empresa. Os CTT têm, até ao final do ano, acordo de exclusividade com a empresa.

O presidente dos CTT disse ainda que a empresa na área do expresso e encomendas, a emrpesa está a fazer um “‘upgrade’ da oferta” que entrará em breve bo mercado e que será “bastante moderna” e “bastante potente”.