A ministra da Justiça disse esta quinta-feira, nos Açores, que a Polícia Judiciária (PJ) “não vai perder o controlo” sobre a cooperação judiciária internacional, considerando ser “legítimo” que os funcionários daquela polícia se manifestem.

“É legítimo que os agentes da PJ se manifestem relativamente a situações que considerem graves e que, de alguma forma, julguem que os afetam”, declarou em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, aos jornalistas, a ministra Francisca Van Dunem, à margem de um encontro sobre justiça.

Funcionários de investigação criminal da PJ concentraram-se esta quinta-feira, à porta da sede em Lisboa e dos vários departamentos espalhados pelo país, em protesto pela saída do Gabinete Nacional da Interpol e da Unidade Nacional Europol daquela polícia.

Aos funcionários da PJ foi pedido para irem vestidos de preto para as diversas concentrações que decorreram em simultâneo.

Francisca Van Dunem explicou que “há aqui, de facto, um problema e uma necessidade de concentração de um ponto focal nacional, um trabalho que está ser feito, estando os moldes a serem definidos”.

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A responsável pela pasta da Justiça apelou à “tranquilidade” para que o processo “possa avançar” e avaliar “mais à frente”.

Questionada sobre a questão dos agentes da PJ detidos, a ministra disse que “estas pessoas, tal como as outras, gozam da presunção da inocência”.

A PJ deteve, a 5 de abril, 15 homens, incluindo dois elementos da própria PJ, por suspeitas de corrupção ativa e passiva, tráfico de droga agravado, associação criminosa e branqueamento de capitais.

No âmbito da Operação Aquiles foram realizadas várias diligências, tendo sido efetuadas 120 buscas, domiciliárias e não domiciliárias, com a participação de quase duas centenas e meia de polícias.

Os detidos têm idades entre 39 e 60 anos e, entre eles, está o coordenador reformado da PJ Carlos Santos Dias e um inspetor da Unidade Nacional de Combate ao Tráfico de Estupefacientes (UNCTE).

“A circunstância da Polícia Judiciária ter ela própria trabalhado nesse processo é um sinal de vitalidade e de capacidade de detetar nas suas fileiras aquilo que se possa passar mal, o que é extraordinariamente positivo”, frisou a governante.

Francisca Van Dunem considerou que “não há aqui um modelo de encobrimento dos nossos”, pelo contrário, “nós queremos que cá estejam os melhores”.

A ministra conclui que “seremos os primeiros a agir sempre que algo de errado se passar na nossa casa”, o que é um “excelente exemplo”.