A ANA reconheceu esta quarta-feira que teve de “repensar” a atividade do aeroporto de Beja, devido à “diminuta procura” da aviação comercial, vocacionando a infraestrutura para outras operações, como a manutenção e o estacionamento de aviões.

Desde que a infraestrutura aeroportuária alentejana começou a funcionar, faz esta quarta-feira cinco anos, “foram sendo efetuadas operações comerciais exploratórias, no entanto, apesar dos esforços efetuados, a diminuta procura por parte da aviação comercial levou a repensar a atividade do aeroporto e a vocacioná-lo para outro tipo de operação”, refere a ANA – Aeroportos de Portugal.

Até esta quarta-feira, “embora existam vários produtos geradores de procura”, o Alentejo “ainda não dispõe de um mercado com dimensão suficiente para viabilizar a existência de fluxos turísticos e de carga para os quais o transporte aéreo seja um elemento determinante”, explica a ANA, num comunicado enviado à agência Lusa, no dia em que o aeroporto de Beja celebra cinco anos.

Por isso, a empresa refere que “tem apostado na implantação de atividades de natureza industrial” na infraestrutura “capazes de gerar investimentos e criar postos de trabalho, nomeadamente a manutenção e o desmantelamento e o estacionamento de média-longa duração de aeronaves.

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“Como resultado da estratégia”, a empresa portuguesa AeroNeo vai investir oito milhões de euros numa unidade de manutenção e desmantelamento de aviões e valorização de ativos aeronáuticos no aeroporto de Beja, que poderá criar “até cerca de 100 postos de trabalho” e “terá um impacto significativo” no Alentejo.

A ANA indica que “também tem vindo a desenvolver esforços” para que o aeroporto de Beja “se afirme” no segmento do estacionamento de aeronaves, os quais “começaram a apresentar resultados no início deste ano”, através das companhias aérea Hi Fly, euroAtlantic airways e SATA Azores Airlines.

Atualmente, o aeroporto de Beja “constitui-se como a base de operações” da frota de aeronaves “wide body” (de fuselagem larga) da Hi Fly, “sendo que tem garantido”, desde janeiro deste ano, “o estacionamento de três a cinco aeronaves da companhia que utilizam diariamente a infraestrutura como plataforma giratória entre operações, incluindo atividades de suporte, nomeadamente de manutenção”, e, em resultado, “a companhia já procedeu a recrutamentos na região”.

No passado dia 28 de março, “iniciaram-se as operações da euroAtlantic airways” no aeroporto de Beja, “com o estacionamento de duas aeronaves B767-300, e a companhia “propõe-se basear parte da sua frota” daquelas aeronaves na infraestrutura aeroportuária alentejana, refere a ANA.

Já a SATA usou o aeroporto de Beja para estacionar uma aeronave por um período aproximado de duas semanas.

“Adicionalmente, e na sequência da estratégia de forte dinamização comercial que a ANA tem vindo a desenvolver para o segmento de estacionamento de média-longa duração” no aeroporto de Beja, “estão em curso contactos com outras companhias aéreas, que poderão vir a apresentar resultados positivos no curto prazo”, indica a ANA.

A empresa lembra que assinou um acordo com a Galp Energia que permitiu baixar e tornar idêntico ao praticado no aeroporto de Lisboa o preço do combustível para aviação no aeroporto de Beja, tornando-o “mais competitivo”.

A ANA refere que vai investir, este ano, na construção de novas instalações para o estacionamento das viaturas de abastecimento de combustível Jet A1 no aeroporto de Beja, “tendo em vista a melhoria significativa das condições atualmente existentes”.

O aeroporto de Beja é “um investimento estratégico” para o Alentejo, Portugal e para a ANA e estas iniciativas “comprovam a eficácia da estratégia” seguida e “revelam a aposta da empresa” na “dinamização” e “garantem” a “sustentabilidade futura” da infraestrutura e “a criação indireta de emprego sustentável”.

O aeroporto de Beja, que é um “importante ativo da rede de transportes” do Alentejo, “reúne todas as condições para se constituir como uma infraestrutura fundamental para o desenvolvimento de toda a região”, indica a ANA, referindo estar “ciente que tal propósito depende de variáveis de contexto associadas ao desenvolvimento da própria região, nomeadamente ao nível económico, cuja evolução não controla nem está em condições de antecipar”.

O aeroporto de Beja, que custou 33 milhões de euros e resulta do aproveitamento civil da Base Aérea n.º 11, começou a operar a 13 de abril de 2011, quando se realizou o voo inaugural, mas, desde então, apesar de aberto, tem estado praticamente vazio e sem voos e passageiros na maioria dos dias.