“Uncharted 4 – O Fim de um Ladrão” é lançado a 10 de maio. A Fnac vai apresentar o videojogo esta segunda-feira, às 21h30, na loja do Colombo em Lisboa. Já o El Corte Inglês de Lisboa abre à meia-noite, “com algumas surpresas para os primeiros fãs que correrem a agarrar o jogo”. Por ocasião do lançamento, recuperamos esta análise que publicámos a 13 de abril.

No passado dia 28 de Março de 2016, a Sony Computer Entertainment Ibéria organizou na sua sede, em Madrid, o evento de apresentação de um dos videojogos mais aguardados deste ano: Uncharted 4: A Thief’s End, ou, traduzido na língua de Camões, “o Fim de um Ladrão”. Como se o lançamento do novo título de uma das sagas de videojogos mais mediáticas e marcantes dos últimos anos não fosse o suficiente para fazer palpitar o sangue a quem esteve presente, neste evento pudemos também contar com a presença de dois membros da equipa da Naughty Dog, empresa responsável pelo desenvolvimento da saga Uncharted. Arne Meyer (Relações Públicas) e Rick Cambier (Lead Designer da Naughty Dog – responsável por jogos como The Last of Us, um dos jogos mais premiados de sempre na indústria, e também os 3 primeiros títulos de Uncharted).

Para que se possa entender a importância de um evento destes e do lançamento de Uncharted, vamos a alguns números: Uncharted – Drake’s Fortune, o jogo original da série, foi lançado em 2007 como exclusivo para a PlayStation 3. Desde então, sempre fiel à sua relação de exclusividade com a gigante Sony PlayStation, foram lançados mais dois títulos para a consola que o viu nascer e um jogo (prequela) para a consola portátil PS Vita. Em nove anos, a série Uncharted vendeu mais de 20 milhões de cópias em todo o mundo, valendo um lucro para a Naughty Dog de muitos milhões de euros, números que mostram não só o poder da indústria de videojogos no mundo do entretenimento, mas sobretudo a importância desta franquia no mercado atual.

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Esta série, cujos capítulos têm sempre inspiração em personagens históricas e eventos épicos, segue a tradição dos melhores filmes de aventura alguma vez feitos, com o protagonista Nathan Drake a percorrer o mundo à procura de tesouros escondidos. O personagem principal, visivelmente inspirado na épica personagem de Indiana Jones, é descendente direto de Sir Francis Drake, vice-almirante do reino de Inglaterra, corsário e navegador, que se tornou célebre ao serviço da rainha Isabel I de Inglaterra no século XVI. A aventura corre-lhe nas veias e o peso do seu nome acompanha-o em todos os títulos desta saga.

Nathan Drake é uma peça basilar no estrondoso sucesso que a série Uncharted foi obtendo ao longo dos últimos anos. Com uma equipa de designers única, que pensaram todos os detalhes da personagem, até aos argumentistas, que de jogo para jogo criam uma aventura que o jogador simplesmente não quer perder, Nathan Drake tornou-se para o jogador uma personagem que ultrapassa as linhas do ecrã e que transmite uma ilusão de proximidade. Para dizer a verdade, é a voz do ator Nolan North (que interpreta o papel de Nathan Drake) que tem uma grande responsabilidade no sucesso e existência desta personagem.

Com este título, Uncharted 4, a Naughty Dog anuncia (já no título) que este será o final da história do protagonista que nos acompanha há quase uma década. Nas palavras do próprio Rick Cambier: “Confirmo que Uncharted 4 acompanhará o final da história de Nathan Drake!” essa afirmação trouxe nervosismo e alguma angústia a todos que, como eu, se encontravam no auditório da sede da Sony em Madrid.

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Depois de uma apresentação em que pudemos ver um pouco dos factos históricos que levaram à criação deste último Uncharted – a história de Henry Avery, um famoso pirata inglês do século XVII, conhecido pelos múltiplos tesouros armazenados e principalmente pelo saqueamento da frota mais rica de então: a frota índia Ganj-i-saway – pudemos ver um pouco daquilo que o jogo terá para nos oferecer. E o que vimos, apesar de pouco, deu a certeza a todos os presentes que, como tem sido tradição, a Naughty Dog sabe o que faz.

Os gráficos fabulosos estão certamente a reproduzir o máximo de capacidade que a PS4 permite, a jogabilidade continua intuitiva e fluida e Nathan é agora acompanhado pelo seu irmão Sam, personagem que será fulcral para o desenrolar da série. Desta vez, os jogadores poderão contar com um sistema de deteção de inimigos, que permitirá planear melhor a forma como queremos percorrer toda a campanha: se de uma forma furtiva, passando sorrateiramente pelos inimigos, ou mais aventureira, de armas em riste, matando tudo o que mexe. Este sistema, bastante usado em todos os videojogos, permite que o jogador percorra a aventura fiel ao seu próprio estilo – sem deixar de desfrutar o melhor que o jogo tem para oferecer.

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Nestes breves minutos, em que nos foi oferecido apenas (como diz a máxima popular) um “cheirinho” do que aí vem, tivemos a hipótese de experimentar o mundo de Uncharted 4. Aqui, optei por não experimentar. Não quero estragar a experiência ou a surpresa que sei que vou sentir. Vi os restantes colegas jogar, alegrei-me com as suas reações de espanto e ansiedade e esperei, com um friozinho na barriga, pela minha vez de poder entrar na sala dedicada à imprensa e conhecer Rick Cambier, uma das personalidades que mais admiro no mundo dos videojogos. Aqui fica o essencial da entrevista que se seguiu.

Qual consideras que seria o melhor elogio ou reação que os jogadores poderiam ter relativamente a Uncharted 4?

Espero vir a ter reações diversificadas relativamente a quais foram os momentos favoritos de cada jogador. Dos puzzles, à exploração, aos momentos de combate… mas sobretudo esperamos com ansiedade para saber se os jogadores gostaram verdadeiramente do jogo, se acreditam nas opções que Nathan faz, se este é um bom final para a série, porque isso será algo único. Ficarão tristes pelo final da saga mas ao mesmo tempo satisfeitos com o fim que lhe demos? É que, os finais, são sempre agridoces não é?

Reparei que as imagens que a Naughty Dog escolheu para promover o jogo são mais “negras”. Drake, no cartaz principal, tem quase uma imagem de desespero e não é de todo o alegre aventureiro que sempre amámos. Foi propositado?

Essa é uma ótima observação. Nathan está mais velho. Sempre vimos que há acontecimentos entre os títulos, 1 e 2 e 2 e 3, que o marcaram, que representaram escolhas muito difíceis para Nathan. Por exemplo, no final do 3, entendemos que tem escolhas difíceis pela frente e perguntamo-nos: que acontece com Drake? O que acontece com ele e Elena? Vemos esta personagem crescer, uma personagem extremamente amistosa e que ama profundamente todos os que o rodeiam, e quisemos honrar todas essas escolhas e traços da sua personalidade. Queremos abordar todos esses aspetos que estiveram sempre, de certa forma, subjacentes na personagem bastante complexa que é Nathan Drake. E por isso, explorar os seus conflitos internos, perante os que ama, perante aquilo que ele abdicou para poder seguir uma vida mais “caseira”, o seu irmão, etc, foi algo que não pudemos deixar de fazer para honrar Nathan Drake nesta sua última aventura.

Como é que a Naughty Dog lida com o facto de ser um símbolo de qualidade na indústria de videojogos? É surpreendente a humildade que vocês conseguem manter…

Não é uma questão tanto de humildade – é mais uma questão de exigência. Simplesmente exigimos muito de nós mesmos. Há muita coisa que fazemos que outras companhias simplesmente não fazem – seja porque não consideram importante, ou considerem como apenas um detalhe, ou simplesmente não queiram dedicar tempo a isso… e nós fazemos! A pressão vem de nós mesmos e faz parte da nossa cultura. Quando abraçamos um novo colega na equipa, induzimos nele a cultura de que, aquilo que foi suficiente para outra empresa, não vai ser suficiente na Naughty Dog. Queremos que, por exemplo, o angulo da câmara esteja perfeito, o detalhe do ambiente seja perfeito, etc., por isso digo que não é tanto uma questão de humildade, é simplesmente uma questão de exigência.

O que traz o futuro para a Naughty Dog?

Já antes anunciamos um episódio DLC, um capitulo adicional na história de Uncharted. E depois disso… logo se vê o que o futuro trará.

Desculpa, mas tenho mesmo que perguntar: haverá um The Last of Us 2?

Veremos…

Uncharted 4: o Fim de um Ladrão chega à PS4 em maio. Nathan Drake, o ladrão mais amado da indústria deixa-nos. Mas já conseguiu algo que poucos se poderão gabar: roubar um lugar no Olimpo da Eternidade nesta indústria que cativa cada vez mais fãs.

Alexa Ramires, Rubber Chicken

O Rubber Chicken deslocou-se a Madrid para a apresentação de Uncharted 4 a convite da Sony Portugal.