Manuel Tarré Fernandes, dono da empresa Gelpeixe, e José António Silva e Sousa, advogado, são mais dois nomes portugueses envolvidos no escândalo das offshores que está a ser investigado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação, do qual fazem parte a TVI e o Expresso.

O proprietário de uma das maiores empresas portuguesas de congelados, Manuel Tarré Fernandes, surge nos documentos analisados associado a sete empresas offshore criadas entre o final dos anos 1980 e o início da década de 1990. Segundo declarações aos dois meios de comunicação, o empresário já não tem “qualquer relação com este tipo de sociedades ou interesses em quaisquer entidades desta natureza”.

O empresário, que foi agraciado por Cavaco Silva em dezembro de 2015 com a comenda do mérito industrial, assegurou, também, que as empresas em causa não tinham relações com a Gelpeixe e foram criadas para “fins particulares” e questões “de âmbito familiar”.

Manuel Tarré Fernandes explicou que recorreu às ditas empresas para “aquisição de imóveis no Algarve a pedido de amigos, não residentes em Portugal”, uma atividade de intermediação que terá realizado “sem contrapartidas”. A “situação que tem seguramente mais de vinte anos”, altura em que “era prática corrente a utilização de tais veículos, aliás, sugeridos por entidades que atuavam na área, merecedoras de toda a credibilidade”, explicou o empresário.

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O nome do José António Silva e Sousa, que também foi agraciado por Aníbal Cavaco Silva em 2015, aparece nos Panamá Papers associado à Sotheby’s International Real Estate e à Nielsen Construction Panama, duas offshore criadas na sequência de uma visita do advogado ao Canal do Panamá em 2012.

O comendador, homenageado com a Ordem do Infante D. Henrique, explicou que “assessorou a compra das referidas sociedades”, aquisição motivada pelo “interesse de dois clientes da nossa sociedade na estruturação de negócios com a intervenção de duas sociedades no exterior”. A compra avançou depois de um contacto com a Mossack Fonseca com “vista a mera participação em duas sociedades portuguesas”.

“Por desinteresse na sua continuidade, ambas as sociedades deixaram de pagar quotas de manutenção desde 2014” e as licenças terão cessado por falta de pagamento, segundo esclareceu José António Silva e Sousa aos parceiros portugueses do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.