“Feroz”, “amargo”, “quente”, “dramático”. Foram algumas das expressões escolhidas pela imprensa internacional para descrever o debate de quinta-feira, que opôs os candidatos à nomeação democrata às presidenciais norte-americanas, em Brooklin. O frente-a-frente entre Hillary Clinton e Bernie Sanders acontece a dias das primárias de Nova Iorque, que são consideradas cruciais.

O debate aqueceu sobretudo quando os candidatos trocaram argumentos sobre as qualificações para o cargo de presidente dos Estados Unidos, com a ex-primeira-dama a concentrar-se na falta de experiência que encontra em Sanders, e o senador de Vermont a insistir na falta de credibilidade que diz ver em Clinton. O candidato voltou à carga sobre a questão das”avultadas somas de dinheiro” que acusa a sua adversária de receber “por participações em conferências”, pagas pelos mesmos bancos com que promete ser dura, se chegar à Presidência. “Falta-lhe o julgamento político de que precisamos num Presidente”.

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Já Hillary contra-atacou com a falta de respostas clara de Sanders sobre matérias concretas, a começar pela necessidade de enfrentar os grandes bancos: “Não conseguiu explicar como o faria, quando foi questionado sobre isso, e não soube responder em temas como o Afeganistão, Israel ou combate ao terrorismo. É preciso ter discernimento logo no primeiro dia como Presidente e comandante supremo das Forças Armadas”.

Num debate que durou duas horas e que exigiu várias intervenções dos moderadores para acalmar os ânimos dos candidatos, Sanders ainda chegou a admitir que Hillary tem a “inteligência e experiência” para exercer o cargo ao qual os dois se querem candidatar pelos democratas, mas para logo a seguir levantar dúvidas sobre “o discernimento de alguém que foi favorável à guerra no Iraque – o pior erro de política externa da história do país”.

O salário mínimo, Israel, a política de porte de armas e os ataques a Wall Street foram os temas centrais do confronto entre os dois democratas, na análise feita pelos órgãos de comunicação norte-americanos. O tema do setor financeiro e o mais sensível para Hillary que ouviu o seu adversário acusá-la de estar “ocupada a dar palestra na Goldman Sachs”, enquanto a “ganância, irresponsabilidade e o comportamento ilegal de Wall Street” levaram a uma crise financeira. Mas a ex-secretária de Estado norte-americana garantia ter intervenções duras contra os grandes bancos, recebendo a ironia do outro lado: “Oh meu Deus, eles devem ter-se sentido esmagados por isso!”.

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