“Demita-se, senhor ministro. Já não merece respeito, vá-se embora”. O repto, dirigido ao ministro da Defesa, José Alberto Azeredo Lopes, é lançado pelo General António Campos Gil, antigo vice-chefe do Exército português. Em entrevista à Rádio Renascença, o experiente militar garante que “não existe discriminação” nem no Colégio Militar nem nos pupilos do Exército nem nas Forças Armadas em geral. “Não houve nada de especial que merecesse todo este alarido“, diz António Campos Gil, acusando Azeredo Lopes de ter “empolado” a mensagem transmitida na reportagem do Observador.

António Campos Gil acusa Azeredo Lopes: “o senhor ministro [Azeredo Lopes] demonstrou, perante um facto que na sua essência nada tem de especial ou de grave, aceitou empolá-lo quando lhe deu importância a mais. E por isso demonstrou falta de serenidade perante uma coisa de nada”. A “coisa de nada” diz respeito às indicações de que haveria casos de discriminação homossexual no Colégio Militar, que levou à demissão do Chefe do Estado Maior do Exército.

“O problema não é pedir explicações, porque o senhor ministro até pode e deve pedir explicações. O grave é quando vai para lá disso e faz uma ingerência institucional quando pede consequências, quando ele próprio começa a exigir a demissão, direta ou indiretamente, da direção ou do subdiretor”.

O antigo vice-chefe do Exército diz que “isso já não é da competência dele, é da competência do chefe. Ora, quando isto acontece revela uma falta de sentido institucional e uma falta de sentido de solidariedade. O senhor ministro não sabe o que é a ética e a liderança, não faz a mínima ideia do que estes conceitos significam e implicam. Deu sinais de incapacidade de gerir a dificuldade. Submeteu-se a uma pressão, e portanto não está à altura do cargo que desempenha”.

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