O despedimento coletivo de 54 trabalhadores da Portway no Aeroporto de Faro, com efeitos a partir de 31 de outubro, é um despedimento “seletivo”, acusou um delegado do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (SITAVA) esta segunda-feira.

“O critério é o critério seletivo da administração”, denunciou Vítor Mesquita, em conferência de imprensa realizada junto à zona de Partidas do Aeroporto de Faro, quando questionado pelos jornalistas sobre qual o critério invocado pela Portway para enviar cartas de despedimento àqueles 54 funcionários.

Segundo o coordenador da União de Sindicatos do Algarve (USAL), António Goulart, o despedimento coletivo daqueles trabalhadores é uma estratégia da empresa para “descartar” os trabalhadores mais antigos e com horário completo, substituíndo-os por trabalhadores que estarão apenas a tempo parcial.

“A 31 de outubro, quando forem despedidos, o que nós esperamos travar, não há contratação de pessoal e, se houver, será sempre com salário reduzido e tempo reduzido”, observou António Goulart, acusando a Portway de um “cinismo atroz” ao enviar uma carta de despedimento com efeitos a partir de uma data em que “não esperam contratar ninguém”.

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Segundo o coordenador da USAL, há trabalhadores na lista do despedimento coletivo que fazem parte de secções “que não têm nada a ver com a Ryanair”, o que leva a crer que a Portway apenas quer ficar com trabalhadores a tempo parcial, que são enviados para casa no período de inverno e voltam ao serviço no verão.

Vítor Mesquita, do SITAVA, observou também que há trabalhadores da área da carga na lista para serem despedidos, apesar de a companhia aérea Ryanair “nunca ter feito carga”.

A Portway anunciou, em março, que vai avançar com o despedimento coletivo de 257 trabalhadores, na sequência do fim da prestação de serviços de ‘handling’ (assistência nos aeroportos) à companhia aérea Ryanair em Faro, Lisboa e Porto.

O argumento da Portway para os despedimentos é a de que a Ryanair, que dispensou a prestação de serviços de assistência, representava cerca de 30% da atividade daquela empresa.

“Não vamos parar de lutar para que a questão do despedimento coletivo seja abortada”, afirmou Vítor Mesquita, delegado sindical do SITAVA na Portway, classificando todo o processo como uma “fraude”.

Segundo aquele responsável, a empresa a que a Ryanair vai recorrer para prestar o serviço de ‘handling’, a Groundlink, não possui licenças para operar na zona das bagagens e da placa do aeroporto.

A Portway vai deixar de prestar serviços à Ryanair no final de março no aeroporto de Faro, em junho no do Porto e em outubro no aeroporto de Lisboa.

Durante esta segunda-feira, os trabalhadores afetados em Faro estarão junto à aerogare a protestar contra os despedimentos.