Tudo começou com a comercialização de produtos veterinários, mas rapidamente mudaram de rumo. Desde a fundação, a Corod Intertrading tem procurado adaptar-se a um setor – comércio de animais vivos – importantíssimo para a região onde está sedeada. Na zona de Famalicão, a suinicultura e a indústria de transformação de carnes são vitais para a economia local. Foi nos arredores, em Mosteiró, que o pai de Emanuel Rodrigues construiu a empresa. O nome junta os dois apelidos da família: Costa Rodrigues.

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A empresa está sedeada em Mosteiró (Vila do Conde) e faturou 13 milhões de euros em 2015 / COROD

Com 26 anos, Emanuel tem quase tanto tempo de existência como a Corod. Passou a vida no escritório, a aprender o ofício. Hoje, é responsável comercial e financeiro, “com toda a liberdade para decidir”. A irmã trata da faturação da empresa, mas o pai continua a liderar o negócio da família, com a decisão final em todos os quadrantes.

“Para mim, foi um processo natural. Com 12, 13 anos já andava pelo escritório, no meio das papeladas. Depois estudei Gestão de Empresas e continuo o trabalho que o meu pai começou”, explica Emanuel.

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Internacionalização e grandes superfícies

Os negócios da Corod sempre passaram pelo estrangeiro. Embora tenham mantido (e ainda mantenham) parcerias com outras empresas, o comércio passa pela ligação aos produtores de outros países, principalmente Espanha. Segundo Emanuel, têm “uma parceria há muitos anos com uma empresa espanhola, por exemplo, e a parte forte do negócio sempre foi a importação de carne para a indústria. Lombos, cachaços… O importante é movermos sempre grandes quantidades”.

Com clientes de norte a sul do país, a atividade da empresa também passa pelas grandes superfícies comerciais. “Neste momento, em Portugal, trabalhamos com três grandes marcas. Mas tem sido uma evolução constante. Mantemos a ligação aos mesmos produtores e procuramos sempre novos mercados”, diz Emanuel.

Embargo à Rússia e crise angolana

Para lá de Espanha, a Corod também exporta para a República Checa e Polónia. O volume de negócio é uma prova do sucesso da vertente internacional da empresa. “Em 2014 tivemos uma quebra nas vendas, mas conseguimos recuperar. No ano passado, recuperámos em 25% e faturámos 13 milhões de euros. Para 2016 vamos crescer ainda mais”, antecipa Emanuel.

Mas um negócio global deve estar atento às flutuações do mercado. O embargo russo aos produtos europeus, consequência das sanções aplicadas após a anexação da Crimeia, ainda provoca mossas no setor. Os suinicultores perderam um mercado importante para escoar a produção. A concorrência da China às empresas europeias também assusta um pouco. “A Europa é menos competitiva. Como temos preços mais elevados que a distribuição chinesa, muitos fornecedores escolhem outros mercados. Basta olharmos para as margens e são assustadoras”, explica Emanuel. Segundo ele, a grande vantagem é a ligação desenvolvida com os produtores ao longo dos anos e a manutenção de uma “porta aberta” às oportunidades que vão surgindo.

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É uma empresa de cariz familiar, com pai e filhos a trabalharem para a sustentabilidade do negócio / COROD

Por outro lado, embora não diretamente, a Corod viu alguns dos clientes sofrerem com a crise económica que decorre em Angola. Segundo Emanuel, “muitos empresários estavam apoiados nos negócios com Angola. Os atrasos de pagamentos, o facto de não poderem retirar divisas… Não é fácil encontrarem alternativas para aquele volume de negócio ou para manterem as mesmas margens”. A comercialização de carnes para clientes com negócios em Angola acabou por ressentir-se.

Ciclos do setor: inovar nas soluções

As expectativas de Emanuel são otimistas. A tendência é para o volume de mercadorias subir, mas a evolução não é linear. “Claro que já houve transporte de muito mais suínos vivos do que há hoje. Houve quebras muito grandes, de 50-60%…”, contextualiza. Para evitar estes “buracos”, o empresário procura inovar: “Pesquisamos, procuramos e chegamos a novos clientes. Foi assim que apostámos no leste europeu.”

Os altos e baixos do setor em Portugal também têm merecido a atenção de Emanuel. Primeiro, foram as notícias sobre a carne processada e os potenciais malefícios para a saúde. “Passou-nos um pouco ao lado. Toda a vida comemos salsichas e presuntos e os consumidores continuam a procurar estes produtos”, explica. Segundo Emanuel, é um ciclo constante: “Hoje é nas aves, amanhã nos bovinos… Já sabemos que vai surgir algo no futuro com os mais variados tipos de carne.”

Já a situação dos suinicultores portugueses, que tem merecido maior atenção nas últimas semanas, é mais sensível. Para Emanuel, “é um assunto complicado, por causa das regras e características da economia europeia. Fechar fronteiras não é uma solução. Fixar preços? Vai ser difícil.” A concorrência de outros países, como Espanha (que escoa 50% da produção de suínos), exigem “alternativas para fortalecer o setor, mas não vai ser fácil”.