Nasce esta quinta-feira uma incubadora de startups na área da saúde. Chama-se Healthcare City, resulta de uma parceria entre a NOVA Medical School/Faculdade de Ciências Médicas, a Janssen (companhia farmacêutica do grupo Johnson & Johnson), a Lusíadas Saúde e a Médis e pretende “colocar Portugal no mapa da inovação da saúde”.

Nós temos um objetivo: reduzir a taxa de mortalidade das startups. Embora o projeto seja português, tem uma representação muito forte a nível mundial. O objetivo é que as empresas saiam daqui para o mundo”, explica ao Observador o diretor executivo da Healthcare City, Nuno Carvalho.

O projeto será apresentado esta quinta-feira, no salão nobre da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Lisboa, e as candidaturas estão abertas para empreendedores que apresentem projetos capazes de dar resposta às necessidades do mercado, na área da saúde. Este é um dos requerimentos essenciais e resulta da própria essência da incubadora.

Este projeto teve, na sua essência, a questão da união da Academia [Nova Medical School] com parte da Indústria [Janssen, Lusíadas Saúde e Médis], nomeadamente a parte da Indústria que acaba por levar as startups para o mercado de uma maneira mais eficiente. (…) Noutros projetos, as empresas, nestas incubadoras ou aceleradoras [da área da saúde], só veem a Indústria no fim do processo. Nos criámos um processo já com a indústria envolvida neste projeto”, explica o responsável

A colaboração destas três entidades da indústria — a farmacêutica Janssen, o grupo Lusíadas Saúde e a Médis, especialista em seguros de saúde privados — com a Healthcare City será “muito ativa, para ajudar o empreendedor a ter uma direção mais correta no desenvolvimento do seu projeto e para fazer testes-piloto”, que permitirão testar os produtos e ideias dos empreendedores antes de estes serem comercializados, explica Nuno Carvalho. “E também para entrar no mercado, que é a parte onde as startups mais falham”, já que muitas nunca chegam à indústria, acrescenta.

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As startups incubadas pela Healthcare City terão ainda acesso a apoios em “serviços corporativos, de codesenvolvimento, mentoring, cedência de espaço para escritório [para já localizado “no CEDOC, um edifício de investigação da Universidade de Ciências Médicas de Lisboa, com vários andares”, explica Nuno Carvalho] e disponibilização de laboratórios e hospitais para [os já referidos] testes-piloto”, detalham os responsáveis, em comunicado. Dizem ainda que deverão ter “250 empreendedores nos próximos três anos”, 30% dos quais estrangeiros, segundo estudos que realizaram para o projeto.

Nós temos um perfil um pouco misto daquilo que existe no mercado. Não somos só incubadora nem só aceleradora. Temos programas de aceleração incluídos, não procuramos só startups, [mas] também empresas que só tenham 10/20 empregados e que não consigam crescer, na área da saúde. Somos um sítio onde as ideias podem crescer a nível mundial, no mercado da saúde”, resume o diretor executivo da Healthcare City

Outro dos aspetos atrativos da Healthcare City, para potenciais empreendedores, passa por melhores perspetivas na angariação de capital de risco. “Uma coisa é um investidor que investe numa app para mobile, outra é um investidor que investe na investigação clínica. São ciclos [de investigação e validação] muito longos, às vezes de 10 anos ou mais. Nós asseguramos que o empreendedor não está sozinho, vamos ajudá-lo a crescer. Todo o apoio que nós vamos dar vai acabar por ajudar o empreendedor a crescer e a dar confiança ao [potencial] investidor, porque [ele] está no ecossistema certo”, defende Nuno Carvalho.

Os empreendedores portugueses têm muito talento. Falta-lhes [é] muito apoio, tanto na parte do crescimento das startups como na capacidade de investimento. Vamos estar atentos o trazer investidores estrangeiros”, promete.