Lembra-se do Megaupload? Foi um serviço de partilha de ficheiros muito popular no início da década e que, em 2013, foi encerrado pelo FBI por pirataria. O site era propriedade de Kim Dotcom, um controverso empresário alemão que não tardou a lançar um serviço alternativo: o Mega.
Três anos depois, é o próprio empresário a dizer que algo não está bem. “O Mega sobrevive sem poder processar pagamentos de cartão de crédito há já dois anos. A situação está a complicar-se. Façam uma cópia dos vossos ficheiros assim que possível”, escreveu Dotcom no Twitter.
Mega had to survive without a credit card payment processor for almost 2 years now. The air is getting thin. Backup your Mega files asap.
— Kim Dotcom (@KimDotcom) 21 de abril de 2016
A mensagem aponta para o encerramento iminente da plataforma. Porém, Dotcom já não pertence à direção do Mega. Saiu meses depois de lançar o serviço, por querer focar-se na luta legal que mantinha (e mantém) com o FBI — encontrava-se em liberdade condicional e em vias de ser extraditado da Nova Zelândia para os Estados Unidos. E porque é isto relevante? De acordo com o ABC, as dúvidas agora lançadas pelo empresário vão contra as informações prestadas pela direção da empresa ao jornal espanhol.
Ao ABC, o atual diretor do Mega, Stephen Hall, explicou que a plataforma “tem financiamento significativo e um forte apoio dos acionistas, pelo que a sua situação financeira não é precária”. Hall disse ainda que “desconhece o motivo” por detrás do comentário de Dotcom e que a mensagem “tem erros”. O Mega está “em forte crescimento”, garantiu.
Problemas financeiros à parte, o Mega poderá em breve ter um outro problema com que lidar. Segundo o jornal espanhol, o atual proprietário da plataforma, Bill Liu, está acusado de fraude pelo governo chinês. Segundo o ABC, Liu também reside na Nova Zelândia.
A resposta da Mega Limited
Entretanto, Eduardo Barbosa, lead designer da Mega Limited, enviou uma resposta ao Observador onde refere que a empresa “não sabe porque é que Kim Dotcom quererá tecer comentários negativos sobre a companhia que ele próprio foi co-fundador”, acrescentando que “a empresa goza de um significativo financiamento e de um forte apoio por parte dos seus acionistas, logo a sua posição financeira é bastante sólida”. “É sempre boa prática ter um backup dos seus ficheiros, mas discordamos fortemente com o alarmismo e teorias de conspiração do Sr. Dotcom”, conclui.
“Kim Dotcom renunciou ao cargo de diretor da MEGA em agosto de 2013 com o objetivo de prosseguir com as suas ambições políticas, fundando o chamado ‘Internet Party’ (esse projeto revelou-se um fiasco e danificou seriamente a sua credibilidade com o público da Nova Zelândia). Para poder financiar a sua carreira política, o fundo de investimento detido pela sua ex-mulher vendeu uma proporção significativa da sua participação na MEGA, libertando muitos milhões de dólares. Em 2015 esse mesmo fundo tentou subscrever novas ações da empresa. Em dezembro de 2015 Kim Dotcom pediu aprovação ao Tribunal da Nova Zelândia para poder libertar 0.7 milhões de dólares das suas contas bancárias (congeladas devido ao Processo Megaupload) de maneira a poder subscrever ainda mais ações da MEGA. O Tribunal recusou aprovação. Desde então, o Sr. Dotcom tem tecido comentários negativos sobre a MEGA, sem qualquer base factual.” — Eduardo Barbosa, lead designer da Mega Limited.