O antigo Presidente da República Ramalho Eanes sugeriu este sábado um entendimento das forças políticas e sociais para a elaboração de um plano de reformas que seja “via para um plano estratégico para o país”.

Ramalho Eanes, que foi homenageado este sábado nas primeiras Conferências da Liberdade, organizadas pela Concelhia do PSD de Santarém, afirmou que tal iniciativa podia partir do Presidente da República ou de fundações “que para tal tenham vocação, conhecimentos e meios”.

Afirmando não estar a enviar nenhum recado para o Presidente da República – “porque não é este o lugar nem eu tenho categoria para mandar recados ao nosso Presidente” -, Eanes sugeriu que, “tendo em conta a dificuldades dos partidos políticos e das forças sociais em dispor ainda de recursos e tempo e em conciliarem vontades para procederem ao estudo, à discussão e à elaboração de um plano de reformas”, refletissem sobre o modelo Balladur, adotado em França em 1994.

O primeiro ministro francês Édouard Balladur (1993-1995) propôs uma ampla reforma dos sistemas de saúde, de segurança social e do trabalho e medidas para redução do défice.

“Este modelo ou um modelo similar poderia permitir a via para um plano estratégico para o país”, afirmou.

A “metodologia” sugerida poderia permitir enunciar as reformas “estrategicamente indispensáveis, priorizá-las pela sua imperatividade, pela sua importância e, ainda, pelos efeitos esperados e pelos custos estimados”, defendeu.

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Esse trabalho podia, depois de finalizado, ser submetido à discussão da sociedade civil, partidos políticos e forças sociais, e até “servir de base para um entendimento interpartidário e intersocial que assim servisse de ponto de partida para a reflexão e, até, para o estabelecimento futuro de um pacto de entendimento estratégico global que nos permitisse racionalizadamente utilizar todos os recursos, todos os meios para escrevermos o futuro”, declarou.

Convidado especial da iniciativa da Concelhia social-democrata de Santarém, que visou também assinalar a passagem dos 42 anos do 25 de Abril, Eanes declarou-se “emocionado” e invocou o seu passado de militar para dizer que as pessoas só se conquistam pela confiança e quando se coloca o bem dos outros acima do próprio.

“Quem não gosta das pessoas não deve exercer politica”, afirmou.

Apresentando-se como nasceu, “com uma mão à frente e outras atrás”, pediu aos mais novos que corram riscos, encarem o Mundo como “uma maravilha e um desafio”, pois o que interessa “não é a vitória ou a derrota”, mas “o espírito com que se luta e a missão que se quer alcançar”.