Capitão Fausto

Capitão Fausto têm os Dias Contados

Há discos que se colam à pele logo à primeira, uma virtude pouco comum para quem passa os dias com música nos ouvidos. E menos habitual ainda, quando transportamos no bolso toda a música do mundo, que nunca esteve tão acessível antes disto a que nos habituámos a chamar de streaming (Spotify, MEO Music, Apple Music, Google Play). Há cada vez mais e melhor música portuguesa, que tem de concorrer com cada vez mais e melhor música feita no resto do planeta.

A nossa sugestão é que deixe de lado a concorrência e dedique algum tempo a ouvir o último disco dos Capitão Fausto. Os argumentos já foram esmiuçados em detalhe nesta análise, que encontra nestas linhas (e ouvidos) idêntica correspondência. São oito as canções do terceiro álbum da banda de Lisboa, pop simples e orelhuda, com letras de uma graça pouco habitual. Um disco para manter à escuta sem contar os dias, seria um desperdício.

Sean Riley & The Slowriders

Sean Riley & The Slowriders

A música está para além da língua com que se canta, tem de estar. Não deixa de ser portuguesa só porque é cantada em inglês ou noutro idioma qualquer. Sem peneiras, cantar em inglês é muitas vezes uma opção conveniente e prática, que se prova certeira quando o resultado final é a perda da identidade pátria. Um álbum como este Sean Riley & The Slowriders (homónimo, portanto) está bem feito em qualquer parte do mundo, podia ter sido composto e gravado por uma banda de São Francisco ou de Sidney, mas não, quis o destino que nascesse em Coimbra.

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Agora a passar a marca dos 10 anos de carreira, a banda pretende marcar um ponto de viragem com este quarto álbum, depois daquilo a que chamaram de “triologia” anterior. Pararam para pensar durante três anos, largaram aquilo a que já se tinham agarrado e reuniram-se para gravar um disco como se fosse a primeira vez. Continua a ser folk/rock, mas é um novo começo.

Rui Massena

Ensemble

Há depois a ausência de palavra, a música instrumental apenas tem paradeiro quando se associa à tradição ou ao folclore. O maestro que também é pianista (ou o contrário) deu um passo em frente, deixou o “solo” e reuniu outros instrumentos, acima de tudo juntou todas as pessoas com quem estudou e trabalhou ao longo da vida, o seu ensemble.

Gravado em Sintra e em Praga, conta com os muitos instrumentos da Orquestra Sinfónica Nacional Checa (que o próprio dirigiu), aos quais juntou o piano em 13 belas composições originais. Ensemble foi produzido, gravado, misturado e masterizado por Mário Barreiros, também por isso o resultado dificilmente poderia ser outro: um álbum de música clássica encantador, onde cabem todas as pessoas do mundo.