Meia centena de dirigentes e delegados sindicais dos CTT concentrou-se esta quinta-feira em Lisboa para exigir o aumento dos salários e denunciar a deterioração do serviço postal por falta de funcionários e por alteração do convénio de qualidade.

“Estamos aqui numa ação de protesto em defesa do aumento dos salários e contra a deterioração do serviço postal, por falta de trabalhadores e pela alteração do convénio de qualidade”, disse à agência Lusa o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT), Vitor Narciso.

Reunidos em frente do Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, onde decorreu a assembleia-geral de acionistas dos CTT, os sindicalistas afetos ao SNTCT alegaram que a administração da empresa “despreza os aumentos no salário-base dos trabalhadores para privilegiar os prémios de desempenho”.

“A administração dos CTT não foi além dos 10 euros de aumento para cada trabalhador e nós não demos o nosso acordo. Por isso, vamos continuar o processo negocial nas próximas instâncias porque não se percebe e não se admite que os CTT não queiram negociar aumentos salariais maiores, mas reservem uma verba de nove milhões de euros para distribuir por prémios de desempenho”, disse à agência Lusa o dirigente sindical.

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Para o salário-base “não há dinheiro, mas para prémios de desempenho há dinheiro”, disse.

“Trata-se de uma distorção completa do que seria uma normal política de gestão”, lamentou Vitor Narciso, lembrando ainda que a proposta do SNTCT de aumento salarial para os trabalhadores dos CTT, incluindo diuturnidades e subsídios de refeição, é de 2,15%.

Segundo o dirigente sindical, os CTT já chegaram “a um acordo com os outros sindicatos de [um aumento] 1,3%, com um aumento mínimo de 10 euros, ou seja, 33 cêntimos diários”, o que corresponde ao “preço de duas carcaças”, lamentou.

“Está em causa não só o poder de compra e a sustentabilidade das famílias”, uma vez que se trata de “uma política errada por parte dos CTT de atribuição de dinheiro”, disse também o sindicalista.

A administração dos CTT “está a desprezar os aumentos no salário-base para privilegiar uma verba muitíssimo grande a distribuir em prémios de desempenho”, o que não acolhe a pretensão dos associados do SNTCT, que organizou a concentração.

O SNTCT já fez uma queixa à Autoridade para as Condições de Trabalho, foi também pedida uma reunião de conciliação que estava marcada para esta quinta, mas não pôde realizar-se devido à esta ação de luta, e Vitor Narciso não exclui outras formas de luta, incluindo a greve.