Quando um espermatozoide depositado por um homem no corpo da mulher encontra um ovócito, faz-se magia: se esse pequeno (grande) nadador conseguir entrar na célula sexual feminina, abracadabra! O primeiro passo para o crescimento de um novo ser está dado. E não, não estamos aqui para lhe ensinar como se fazem os bebés.

Mas os cientistas da Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, descobriram do que é feito esse “abracadabra”. E acontece que é feito de uma faísca. Literalmente. No momento da fecundação, milhões e milhões de faíscas compostas por átomos de zinco são libertados pelo óvulo. E quanto mais saudável e viável for a célula feminina, maior a quantidade de “faíscas” soltas durante a fecundação. Os investigadores conseguiram olhar para essas faíscas através de uma técnica de microscopia fluorescente, ao explorarem como reagia um óvulo quando era exposto a uma enzima presente nos espermatozoides que ativa o cálcio da célula feminina, obrigando-a a “aceitar” a entrada do gâmeta masculina.

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Uma imagem de microscopia fluorescente no momento da fecundação. Créditos: Scientific Reports.

Para entender de onde vem tal faísca, convém olhar para a fecundação na espécie humana à lupa. Para entrar dentro de um óvulo, o espermatozoide precisa de conquistá-lo. É que essa gâmeta masculina vai encontrar alguns obstáculos pelo caminho, principalmente a membrana protetora do óvulo. Mas ele vem munido de armas quando chega ao corpo feminino: na cabeça do espermatozoide há uma organela – isto é, uma “peça” da célula – que tem várias enzimas. Quando essas enzimas são lançadas para a membrana do óvulo, ela funde-se com a membrana no espermatozoide e a informação genética das duas células juntam-se. Está feita a fecundação.

A descoberta deste fenómeno é muito importante para que os médicos possam escolher os melhores óvulos nas técnicas de fertilização in vitro. “Toda a biologia começa no momento da fecundação e a verdade é que é pouco o que sabemos sobre os eventos que ocorrem nos seres humanos”, explicou Teresa Woodruff, uma das investigadoras, à Scientific Reports. “É uma descoberta importante porque nos oferece uma forma facilmente visível e não invasiva de avaliar um óvulo e eventualmente de um embrião antes de ser implantado”, prosseguiu.

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