O diretor do Expresso já respondeu ao Sindicato dos Jornalistas a propósito do pedido para divulgar os nomes dos jornalistas que fazem parte da lista de alegados pagamentos feitos pelo Grupo Espírito Santo (GES) ao longo de vários anos. Numa nota editorial, Pedro Santos Guerreiro defende que os jornalistas têm direito ao mesmo tratamento que outras profissões quando está em causa a revelação deste tipo de suspeitas e admite ainda que as “pressões externas para publicação de nomes têm sido grandes”.

O diretor do jornal começa por separar a investigação à ES Enterprise do grupo GES, desenvolvida pela justiça portuguesa, e o Panama Papers, um projeto do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação que tem vindo a revelar informação sobre empresas e cidadãos de vários países que usaram offshores no Panamá, e cujas identidades têm sido divulgadas por vários órgãos de comunicação.

A lista revelada pelo Expresso, na edição de sábado passado, está na posse do Ministério Público e não resulta do projeto Panama Papers. Esta lista tem mais de 100 nomes de pessoas, políticos, gestores, funcionários públicos e jornalistas, que receberia compensações regulares ou avenças pagas pela ES Enteprise, empresa do GES quem sido investigada pela justiça portuguesa por suspeitas de funcionar como um saco azul, para realizar pagamentos fora das contas do grupo. Alguns dos pagamentos via ES Enterprise passaram por offshores no Panamá. 

Em reação, o Sindicato de Jornalistas instou a que fossem revelados os nomes dos mencionados “jornalistas”, à semelhança do que tem acontecido, aliás, com outros profissionais, de forma a poder atuar em conformidade nos casos que, e se, vierem a ser provados”. 

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O diretor do jornal explica que o critério editorial usado para tratar suspeitas sobre cidadãos é rigorosamente o mesmo em todas as profissões referidas. “Retirar qualquer uma delas seria fazer uma diferença de classe. Assim escrevemos sobre a existência de “mais de uma centena de nomes que constam nessa lista de várias páginas”, que “incluem várias pessoas influentes”, “políticos”, “pagamentos durante vários anos a gestores do BES e da Portugal Telecom”, “ex-gestores, autarcas, funcionários públicos, gestores, empresários e jornalistas”.

E sublinha que a publicação de nomes só é feita quando o trabalho jornalístico de recolha de fontes, confirmação, contraditório e audição de partes atendíveis o permite. Isto vale para jornalistas e para outros profissionais.

Reconhece que as pressões externas para publicação de nomes têm sido grandes, o que é compreensível tendo em conta a vontade de ser informado. Mas “informar com rigor não é publicar listas de nomes”, realça ainda o diretor do Expresso numa resposta pública, tal como a carta enviada pelo Sindicato de Jornalistas que foi tornada pública, através de comunicado.