Fernando Ulrich sugeriu esta quinta-feira uma terceira via para reduzir a exposição excessiva do BPI ao mercado angolano e, ao mesmo tempo, ir de encontro às exigências de Isabel dos Santos que é a segunda maior acionista do banco português, através da Santoro.

Numa apresentação sobre os resultados do primeiro trimestre, o presidente executivo do banco admite a hipótese de o BPI comprar a participação de cerca de 19% que a empresária angolana tem no seu capital, usando como contrapartida a entrega de uma parte da participação que o BPI tem no Banco do Fomento Angola (BFA).

Os outros dois caminhos passam pelo destaque da participação de 50,1% do BPI no BFA para uma nova empresa e a sua entrega aos acionistas, o que foi rejeitado no passado por Isabel dos Santos, e pela consolidação do BFA no CaixaBank, caso o banco catalão concretize a compra do maioria do capital do banco português, através da oferta pública de aquisição lançada.

A troca de participações entre Isabel dos Santos, no BPI, e o banco português, no Banco de Fomento Angola, terá estado em discussão nas negociações para o acordo entre a empresária angolana e o CaixaBank que acabou por falhar.

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Nas contas de Ulrich, com os valores que “estão em cima da mesa”, a participação de Isabel dos Santos não valeria o suficiente para comprar 50,1% do capital do BFA, pelo que o banco português continuava a ser acionista do Fomento Angola, mas deixaria de consolidar e reduzia a exposição ao mercado angolano como exige o Banco Central Europeu.

O BFA foi o responsável por cerca de 80% dos resultados anunciados pelo banco no primeiro trimestre.

Neste solução, o BPI e Isabel dos Santos continuariam sócios em Angola, mas a empresária sairia do capital do banco português, aproveitando que há uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank e que em julho entrará em vigor um diploma que permite eliminar os limites aos direitos de voto na banca, neutralizando o atual poder de bloqueio da Santoro.

Segundo Fernando Ulrich, citado pelo Jornal de Negócios, esta solução permitiria salvaguardar o interesse dos acionistas minoritários, preocupação manifestada pela empresária angolana em comunicado, reagindo ao fracasso das negociações com o Caixa Bank por causa de Angola. Mas as relações entre as partes continuam muito tensas.

Ulrich convicto de que será reeleito presidente executivo

Ainda esta quinta-feira, Isabel dos Santos chumbou a proposta para retirar o limite de idade para ser eleito para a comissão executiva, de forma a que Fernando Ulrich ser reconduzido. E logo a seguir, o fundador do banco, Artur Santos Silva, anunciou a intenção de propor nova assembleia geral logo a seguir à entrada em vigor (1 de julho) da lei que permite desbloquear estatutos, e que retirará a Isabel dos Santos o poder de veto que atualmente tem.

Esta quinta-feira, Fernando Ulrich mostrou-se convicto de que tem boas hipóteses de ser reeleito para um novo mandato em 2017.