O Alibi — assim mesmo, sem acento mas com assentos — abriu pouco antes do 25 de abril e, sem qualquer publicidade ou divulgação, já está a causar uma pequena revolução na Rua do Campo Alegre, no Porto. Entre a esplanada — autêntico refúgio no meio do caos da cidade –, os menus de almoço bem servidos e o selo de garantia de José Carlos Tinoco, é difícil encontrar um só culpado.

Depois dos míticos Labirintho e Triplex (este encerrado em 2012), o Alibi é o terceiro espaço que o designer José Carlos Tinoco abre no Porto, em parceria com Fernanda Agathão e José Carlos Gonçalves. Mais uma vez, fora da Baixa, onde está toda a gente. “As oportunidades para ir para lá têm sido imensas, não só avançar com novos projetos, mas também para transferir os dois nomes emblemáticos”. No entanto, Tinoco não está interessado em seguir as pisadas do Bonaparte, por exemplo. “Descentralizar é importante, há outros locais na cidade que merecem ser percorridos. Esta rua do Campo Alegre é belíssima, ficava na Rota do Romântico. Porque não?”

O edifício do século XIX estava escolhido há alguns anos, mas a abertura foi sendo adiada até ao momento certo, que chegou a 22 de abril. Todo restaurado, conta com duas salas de refeição, divididas por dois andares. Quem gosta de comer ou beber um copo ao ar livre, numa mesa rodeada de camélias e cedros, deve atravessar todo o rés-do-chão. É ao fundo que se encontra a esplanada que permite ouvir, no meio do caos da cidade, o chilrear dos pássaros. Não é um cat café, como aquele que abriu recentemente em Lisboa, mas o co-proprietário garante que os felinos passam por ali habitualmente. Só não se podem sentar, nem pedir nada do que está no menu.

alibi restaurante

Esta é a entrada do Alibi. Ao fundo fica a esplanada. Em cima há mais uma sala de refeições. (© Joaquim Almeida / Divulgação)

Ah, sim, o menu. O Alibi abre às 12h00 de segunda a sexta-feira. Só aos sábados e domingos estão disponíveis os três menus de pequeno-almoço. Durante a semana há sempre um prato de carne, outro de peixe e um vegetariano à escolha, tão diversos como caril de legumes, tortilha de camarão, carne de porco à portuguesa, faláfel com molho de iogurte ou açorda de bacalhau. Cada menu inclui sopa, prato, pão, bebida e café, e custa sempre entre 4,50€ e 6,50€.

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As tapas são outra das grandes apostas. Manuel Filipe Almeida é quem dá ordens na cozinha (não deixando de pôr as mãos na massa) para que se preparem, por exemplo, ovos rotos (4,10€), cogumelos recheados com enchidos e queijo da ilha (4,10€), lingueirão ou mexilhões à Bulhão Pato (4€), polvo com vinagrete de tangerina (4€) ou ceviche de camarão (6€), entre outros. O presunto, por não ser muito curado, é suave.

Sobremesas também não faltam, com destaque para as mousses (de chocolate, maracujá, amêndoa, limão) e tartes (frutos do bosque, maçã, lima, chila e amêndoa). Por 3€ chegam à mesa três tentações: pudim de gemas, gratinado de frutos silvestres e mousse de lima.

alibi sobremesas

3 tentações: mousse de lima, gratinado de frutos vermelhos e doce de gema.
(foto: © Sara Otto Coelho / Observador)

A carta de vinhos é extensa e interessante, entre vinhos brancos e tintos com fartura, alguns disponíveis a copo. Não faltam também os espumantes, apetitivos como Porto Tónico ou Jerez, licores, uísques e aguardentes. As sangrias branca, tinta ou de espumante “têm um toque especial”, garante José Carlos Tinoco, sem querer revelar o que as distingue. A limonada é feita com os limões que chegam da quinta de Fernanda Agathão e, nos chocolates quentes, é difícil não reparar no “Cacau Alibi“, um cacau quente com licor Baileys (4€) e no “Cacau Caliente“, com um bocadinho de licor Tia Maria (4,50€).

Rodeado pela Faculdade de Ciências e com a Faculdade de Letras ali ao lado, os estudantes não têm de ser necessariamente o público mais forte. “É um espaço profundamente democrático”, explica José Carlos Tinoco, entre risos, lembrando que a zona dispõe de um setor terciário forte. O importante é que os clientes queiram encontrar um ambiente sereno. É nisso que os proprietários querem trabalhar, como se pode perceber pela música clássica de Schumann e Chopin, pelo jazz, ópera ou as músicas do mundo que vão tocando, baixinho.

“É um local que convida à leitura, a reflexão, também às tertúlias. Não é propriamente um conceito onde as pessoas estão aos saltos a beber shots”, avisa, bem disposto. Muito ligado às artes, já pensa fazer jantares poéticos no andar de cima. Para entrar e participar não é preciso arranjar um álibi: os jantares, assim como toda a casa, são abertos a toda a gente.

Nome: Alibi
Morada: Rua do Campo Alegre, 553, Porto (ao lado da Faculdade de Ciências)
Telefone: 22 404 7154
Horário: Segunda a quinta-feira das 12h00 às 00h00, sexta das 12h00 às 02h00, sábado das 10h00 às 02h00 e domingo das 10h00 às 00h00
Preço médio: Entre 4,50€ e 6,50€ ao almoço, 15€ ao jantar
Reservas: Não aceitam
Site: www.facebook.com/alibibotica