O cenário é preocupante. Existem dezenas de milhares de sobreviventes do Holocausto a morrer na miséria enquanto esperam por compensações financeiras pelo que lhes foi retirado durante o regime nazi.

A história mereceu o destaque do jornal The Guardian, que recorda, a propósito, o compromisso assumido em 2009: nessa época, 47 países (Portugal incluído) chegaram a acordo para garantir uma compensação efetiva para as famílias judaicas pelos roubos perpetrados durante o regime nazi. No entanto, sete anos depois, muitos dos 500 mil sobreviventes ainda vivos não foram devidamente compensados, garante a Organização Mundial de Restituição Judaica, citada pelo mesmo jornal.

Traçado este cenário, a Organização Mundial de Restituição Judaica decidiu lançar uma campanha nas redes sociais para apelar aos vários países que assumam o compromisso celebrado em 2009. Esta iniciativa acontece no mesmo dia em que se assinala o Dia da Memória do Holocausto, a 5 de maio.

Jehuda Evron, um dos promotores da iniciativa e também ele um sobrevivente do Holocausto, contou ao The Guardian como foi viver os últimos 20 anos a lutar por uma compensação digna. “Agora estou com 80 anos. Até morrer, não vou desistir. Todos os dias os poucos sobreviventes do Holocausto que ainda restam estão a morrer. Infelizmente muitos desses sobreviventes vão morrer na pobreza. A nossa luta pela justiça não pode morrer connosco. As futuras gerações precisam de continuar os esforços para recuperar o que os nazis, aliados e colaboradores, bem como os governos comunistas que lhes seguiram, nos retiraram injustamente”.

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Baroness Deech, outro proponente da campanha, pega no testemunho. “Os sobreviventes do Holocausto e as suas famílias esperaram mais de sete décadas por justiça. Cabe-nos, como membros da próxima geração, assumir este apelo à justiça e instar os governos da Europa a agir agora, enquanto os sobreviventes ainda estão entre nós”, afirmou Deech, citado pelo jornal britânico.

O mesmo The Guardian recorda que durante o período negro do nazismo foram roubadas milhares de obras de arte, propriedades, mobiliário, joias, roupas, livros, dinheiro e outros valores e bens. Em 2009, na Conferência de Praga, 47 países aprovaram a Declaração de Terezin, que previa um esforço empenhado no ressarcimento da comunidade judaica por todos “ataques ilícitos, confiscos e vendas forçadas” durante o regime nazi.

Entre os apoiantes desta campanha organizada pela Organização Mundial de Restituição Judaica estão personalidades como o ex-ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, David Miliband, o cientista Robert Winston, o ex-senador americano Joe Lieberman e o ator Joshua Malina.