O candidato do Partido Trabalhista, Sadiq Khan, foi confirmado vencedor da eleição para presidente da câmara municipal de Londres (‘mayor’), interrompendo o domínio de oito anos do partido Conservador na capital britânica.

Khan venceu com 56,8% dos votos as eleições de quinta-feira, derrotando o mais direto rival, o conservador Zac Goldsmith, que somou apenas 43,2% dos votos.

Os resultados das eleições só foram anunciados depois da meia-noite, devido à complexidade da contagem dos boletins em Londres, que usa um sistema de primeira e segunda preferência.

Como nenhum conseguiu a maioria como primeira escolha, realizaram-se contagens entre os boletins dos candidatos eliminados para serem somados os votos de segunda escolha atribuídos aos dois finalistas.

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Muçulmano, filho de um motorista de autocarro e de uma costureira imigrantes do Paquistão, o seu perfil não podia ser mais diferente do de Zac Goldsmith, um milionário herdeiro de uma fortuna familiar feita na finança.

A campanha foi sobretudo centrada na falta de habitação disponível e a preços acessíveis na cidade, mas ficou também marcada pelas insinuações por parte dos conservadores a uma alegada proximidade de Khan a grupos terroristas devido à sua religião.

O trabalhista admitiu e lamentou ter participado, enquanto advogado de direitos humanos, em eventos com organizações extremistas, mas recusou qualquer afinidade com as mesmas.

“Esta eleição teve alguma polémica e eu fico orgulhoso por Londres ter escolhido a esperança em vez do medo e a união em vez da discórdia”, disse Khan ao ser declarado vencedor.

A votação em Londres era a mais emblemática de uma série de eleições nacionais e locais, que se realizaram na quinta-feira, para escolher autarcas em Inglaterra, deputados nos parlamentos autónomos da Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte e comissários de polícia.

O Partido Trabalhista conseguiu evitar uma derrocada eleitoral, perdendo menos lugares do que alguns analistas previram para as eleições autárquicas onde, ao todo, foram a votos 2.743 mandatos de autarcas em 124 municípios ingleses.

Apurados os resultados de 118 dos 124 municípios, o Partido Trabalhista ganhou 1.280 lugares, o Partido Conservador 753, os Liberais Democratas 341, o UKIP 58 e os Verdes 32. Noventa lugares foram distribuídos por independentes e pequenos partidos.

Embora tenha conquistado mais assentos do que os restantes partidos, o ‘Labour’ estava sob pressão porque alguns analistas previam que cedesse entre 150 a 200 lugares, o que seria visto como um desempenho quase inédito para um partido da oposição em eleições locais.

Todavia, concluídas as contagens dos boletins, verificou-se que os trabalhistas apenas perderam 24, abaixo do número de autarcas que os conservadores, atualmente no Governo, também perderam (35).

“Por toda a Inglaterra tínhamos previsões de que ‘Labour’ ia perder autarquias. Não perdemos. Aguentámo-nos e ganhámos apoio em muitos sítios”, afirmou Corbyn em Sheffield.

Sobre a pesada derrota na Escócia, onde o ‘Labour’ voltou a perder representantes no parlamento autónomo e a ser ultrapassado pelo Partido Conservador, o líder trabalhista expressou uma mensagem de solidariedade para com os militantes.

“Parabéns pela campanha que fizeram, parabéns pela determinação que mostraram”, disse, admitindo que “há muito trabalho de reconstrução a fazer na Escócia”.

No panorama geral, destaque para o resultado positivo dos Liberais Democratas, cuja participação no Governo de coligação com os conservadores, em 2010, afastou muito eleitores nos últimos anos.

Igualmente favorável foi o desempenho do UKIP, que voltou a ganhar mais assentos em autarquias inglesas e conquistou os primeiros sete lugares na assembleia do País de Gales.

Na Irlanda do Norte, onde a contagem se espera que se prolongue até ao final do dia de hoje, o Partido Democrático Unionista deverá vencer mais lugares no parlamento autónomo, seguido pelos republicanos do Sinn Féin, com quem a coligação no Governo deverá ser renovada.