O antigo presidente da Comissão Europeia Durão Barroso disse, este sábado, que a União Europeia precisa de ir mais longe na “mutualização dos seus instrumentos”, seja em relação a questões financeiras seja em relação aos refugiados.

“O problema da Europa não é que foi longe demais, o problema da Europa é não ter ido suficientemente longe na mutualização dos seus instrumentos e dos seus procedimentos seja em relação à crise financeira onde precisamos de uma maior solidez à volta do euro seja nas questões como as dos refugiados onde precisamos também de uma política europeia de refugiados”, afirmou Durão Barroso na conferência “O futuro da Europa”, organizada pelo PSD e pelo Instituto Francisco Sá Carneiro no Palácio da Bolsa, no Porto.

Durante um discurso no qual questionou se foi convidada alguma figura da União Europeia (UE) para a inauguração do túnel do Marão, porque Bruxelas deu um “contributo essencial para essa construção”, o antigo primeiro-ministro frisou que, em temas como os refugiados é necessário aceitar a mutualização, palavra que “tem que ser mais praticada na realidade”.

“A verdade é que precisamos da mutualização que tivemos também em relação à questão do euro, ou seja, não pode haver uma integração, centralização absoluta”, disse.

“O que podemos fazer é criar um sistema em que haja uma maior integração daqueles que estão prontos para isso, mas ao mesmo tempo como uma flexibilidade para aceitar também a maior variedade, a maior diversidade que se coloca hoje na Europa”, acrescentou Durão Barroso, que afirmou acreditar que “o problema dos refugiados vai ser resolvido”.

O antigo primeiro-ministro português alertou ainda para as vozes em Portugal que, a partir do começo da crise financeira em 2008, passaram a ser “muito críticas em relação à União Europeia”, o que significa que “alguns são europeístas só quando está bom tempo”.

“Alguns são europeístas só para receber, mas não para dar. Esse europeísta de conveniência, que aliás se explica também por 48 anos de ‘Orgulhosamente sós’, é de facto um perigo e deve ser combatido porque me parece que o nosso país, para continuar a ter uma voz ativa e determinante no plano europeu, tem de ter uma posição também proativa nesse mesmo âmbito”, sublinhou Durão Barroso.

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