O ator francês Jean-Pierre Léaud vai ser homenageado na 69.ª edição do Festival de Cannes, que começa quarta-feira, e que vai acolher a estreia do filme que protagoniza, “A morte de Luís XIV”, anunciou a organização.

Esta longa-metragem dirigida por Albert Serra é uma coprodução da Rosa Filmes, e o ator de 71 anos receberá a ‘Palme d’Or d’Honneur’, na cerimónia de encerramento.

“Jean-Pierre Léaud foi sempre ousado e surpreendente, tal como no novo filme do realizador catalão Albert Serra, ‘A morte de Luís XIV'” que se estreia, em sessão especial, com as presenças do ator e do realizador, no dia 19 de maio, às 17:00 locais, segundo uma comunicado da Rosa Filmes.

Jean-Pierre Léaud foi descoberto pelo realizador francês François Truffaut, em 1958, que “fez dele o protagonista da longa-metragem, ‘Os 400 golpes'”, quando o ator contava 14 anos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

“O rapaz extrovertido e rebelde desse filme encarnou de forma muito representativa o espírito da chamada Nouvelle Vague, que nasceu com ele. Antoine Doinel, a personagem, e Truffaut continuaram a trabalhar juntos em filmes como ‘Antoine et Colette’ (1962), ‘Baisers volés’ (1968), ‘Domicile conjugal’ (1970) e ‘L’Amour en fuite’ (1979)”.

Em 1965, Léaud começou a trabalhar com o realizador Jean-Luc Godard, em filmes como “Masculin féminin” (1966) e “La Chinoise” (1967), “considerados obras desafiantes e de grande compromisso político”.

“Léaud era fascinado pela linguagem do cinema, pelo que foi assistente de vários filmes de Godard, como ‘Pierrot le fou’ e ‘Alphaville’, e de Truffaut, em ‘La peau douce'”, afirma a produtora portuguesa.

Léaud trabalhou, entre outros, com Jacques Rivette, em “Out 1”, e com Jean Eustache, em “La maman et la putain” (1973), “onde oferece uma interpretação inesquecível, que o consagrou para a eternidade”, recorda a Rosa Filmes, que acrescenta: “Este filme foi emblemático para toda uma geração”, tendo ganhado o Prémio Especial do Júri em Cannes.

“Desde aí, as suas personagens apaixonadas e melancólicas, idealistas e encantadas, ou apenas vazias e enigmáticas, são parte fundamental de filmes como os de Aki Kaurismäki, ‘I hired a contract killer’, de Olivier Assayas, ‘Paris s’éveille’, de Lucas Belvaux, ‘Pour rire’, de Philippe Garrel, ‘La Naissance de l’amour’, de Bertrand Bonello, ‘Le pornographe’, ou até de Tsai Ming-Liang, ‘What time is it there?’ e ‘Visage’, apresentado em Cannes em 2009”.

O cineasta português Manoel de Oliveira (2008), os norte-americanos Woody Allen (2002) e Clint Eastwood (2009), o realizador italiano Bernardo Bertolucci (2011) e a francesa Agnès Varda (2015) são outros nomes distinguidos com uma Palma de Ouro Honorária do Festival de Cannes.

O 69.º Festival Internacional de Cinema de Cannes, em França, abre quarta-feira, com a exibição da comédia “Café Society”, de Woody Allen, fora de competição, numa edição que contará com medidas de segurança mais apertadas, por causa dos atentados de novembro em Paris.

Na Semana da Crítica – uma das secções paralelas de Cannes -, que começa, na quinta-feira, serão exibidas as curtas-metragens portuguesas “Ascensão”, de Pedro Peralta, e “Campo de víboras”, de Cristèle Alves Meira.

Fora de competição será também exibido o filme “La forêt de Quinconces”, de Grègoire Leprince-Ringuet, produzido por Paulo Branco.