A Ordem dos Enfermeiros fez-se à estrada, percorreu o país durante cinco dias em vários hospitais e centros de saúde de norte a sul, e foi medir o pulso ao Serviço Nacional de Saúde. O cenário traçado pela bastonária Ana Rita Cavaco numa entrevista à Antena 1 é de caos. “Aquilo que verificámos é dramático. O Serviço Nacional de Saúde está por um fio.”

Na mesma entrevista à rádio pública, a bastonária da Ordem dos Enfermeiros relata alguns dos casos com os quais contactou de perto. Casos-limite. “Nós encontrámos quatro enfermeiros em urgências médico-cirúrgicas a prestar cuidados à noite. Encontrámos outros seis enfermeiros em centros de saúde para 40 mil utentes — e que se deslocam nos seus carros próprios para não deixar que as pessoas fiquem sem acesso a cuidados saúde”, conta Ana Rita Cavaco.

A bastonária, lembrando que, apesar do cenário que encontrou, há 13 mil enfermeiros portugueses que emigraram por falta de emprego, alerta para aquilo que descreve como “falta de segurança” na prestação de cuidados de saúde, precisamente “por causa da falta de enfermeiros”.

Ana Rita Cavaco recorda um caso que a indignou: “Nós chegámos a um serviço e há um enfermeiro que vai entrar para o turno da tarde. E esse enfermeiro vê-se de repente sozinho a assumir o seu turno com 55 doentes internados nessa urgência. Alguém acha que este enfermeiro vai conseguir prestar cuidados a 55 pessoas sozinho? Não vai.” E acrescenta: “Há muitas situações em que os enfermeiros estão a recusar fazer o turno nestas condições”.

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