O Ministério da Saúde mostrou-se, esta manhã de segunda-feira, disponível para avançar com as obras nas salas de cirurgia do Hospital de Santarém, situação que se arrasta há mais de um ano e que levou quinze médicos a pedirem a demissão dos cargos de chefia que ocupavam.

A informação foi avançada pelo Público, depois de várias notícias a darem conta de uma demissão em bloco naquele hospital — o que levou a uma reunião de urgência com o secretário de estado da Saúde, Manuel Delgado, confirmou o Observador junto do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).

Apesar de negar a demissão de quinze médicos, fonte do Ministério da Saúde revelou ao jornal Público que as obras já foram aprovadas pela Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Falta um parecer técnico da Administração Central do Sistema de Saúde, o qual deverá estar concluído “entre hoje e amanhã”. A partir daí tudo será mais rápido, garantiu o Ministério.

A falta de condições no bloco operatório, construído em 1985, faz com que apenas metade das salas estejam a funcionar, o que levou a uma quebra no número de cirurgias realizadas. Ao Observador, o presidente do SIM, Jorge Roque da Cunha, refere que este é um problema já detetado há mais de um ano. E que não é a única razão para que os médicos de Santarém se demitam das funções de chefias.

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“O hospital está a ter dificuldade em fixar pessoal, mais do que pensar em incentivos, deve tratar-se bem os médicos que lá estão, aplicando corretamente os descansos compensatórios, o pagamento das horas extraordinárias e lançando os concurso públicos rapidamente”, refere o dirigente.

Roque da Cunha lembra que há um período de cerca de seis meses entre o final da especialidade e o concurso e que, neste período, as empresas privadas e público-privadas, assim como entidades estrangeiras, aliciam os médicos acabados de formar. “E os concursos ficam desertos”, diz.

À RTP, o administrador do hospital, José Rianço Josué, afirmou que o problema [referindo-se ao bloco operatório] está identificado há cerca de três anos e que a segurança não estava comprometida já que “foram reunidas todas as condições para que o bloco funcione”. Ainda assim, a capacidade de resposta diminuiu devido ao encerramento de algumas salas do bloco operatório, mas as salas operacionais estão a “funcionar a todo o efeito”.

O hospital de Santarém serve mais de 250 mil habitantes.