No último segmento do episódio da série de animação Os Simpsons, exibido no passado domingo nos Estados Unidos da América, Marge, Lisa e Bart anunciaram aos telespectadores que estariam a ponto de ver algo “especial”: Homer Simpson iria aparecer em direto para responder perguntas feitas por telefone e Twitter pela audiência.
Estou aqui para fazer um importante anúncio: este é o último episódio dos Simpsons, foi uma boa jornada… estou a brincar, os Simpsons nunca vão acabar. E para provar que estamos em direto, na última noite no Saturday Night Live, Drake foi péssimo”, brincou, no início da sequência.
O que se viu a seguir já entrou para a história da televisão: sentado atrás de uma mesa, Homer respondeu as dúvidas dos telespetadores, sem guião, durante cerca de três minutos.
O segmento em direto foi realizado duas vezes para respeitar o fuso horário das costa leste e oeste do país. Na costa leste, o patriarca da família Simpson teve de responder se preferia Lenny ou Carl (companheiros de bebida de Homer), qual é o seu tipo de carro e o trabalho preferido entre as várias ocupações que experimentou nas 27 temporadas da série.
Já do outro lado do país, a atualidade política não foi esquecida: quando questionado se mudaria de Springfield para o Canadá, no caso de Donald Trump se tornar Presidente dos Estados Unidos, Homer despistou o telespetador e respondeu que gosta de Bernie Sanders.
Enquanto Homer comunicava com a audiência, as personagens da série, desenhadas anteriormente, iam aparecendo no ecrã: Bartie, Maggie, Senhor Burns e Ned Flanders. Houve, inclusive, espaço para Bender, da série Futurama, fazer uma breve aparição com um cartaz onde se lia “Tragam Futurama de volta… de novo”.
Give Homer a call NOW, West Coast! #HomerLive #TheSimpsons https://t.co/WuTCcTRdhl pic.twitter.com/CC1EjLr3zS
— The Simpsons (@TheSimpsons) May 16, 2016
Tweet @HomerJSimpson your questions! You never know what he'll say! Use #HomerLive. #TheSimpsons pic.twitter.com/IiOQERrcBq
— The Simpsons (@TheSimpsons) May 16, 2016
Realizar em direto um programa de ficção não é novidade na televisão americana. Séries como ER, The West Wing, Will and Grance e 30 Rock já haviam feito a experiência. Esta foi, no entanto, a primeira vez que uma série de animação utilizou esta técnica, graças a uma “tecnologia aprimorada de captura de movimento”, explicou o produtor executivo dos Simpsons, Al Jean, em entrevista à Entertainment Weekly. “Quando você faz um programa como este com tantos recursos a serem utilizados, temos de usar esta vantagem para fazer coisas interessantes, porque podemos”, justificou.
Segundo explica a revista Digital Arts, a sequência de três minutos foi feita através de ferramenta Character Animator da Adobe, em conjunto com o software After Effects. Juntos, mapearam movimentos faciais subtis e ações “mais exageradas”, descreve a publicação. No caso dos Simpsons, a equipa técnica trabalhou com o ator Dan Castellaneta, responsável pela voz de Homer, para “ler” os seus lábios e movimentos de cabeça, através de uma câmara posicionada em direção ao ator.
“Os Simpsons sempre forçou as fronteiras sobre o que vem a seguir e o que é possível no entretenimento. Não têm medo de correr riscos. Quando surgiu a ideia de fazer um segmento em direto num programa tão popular, não podíamos imaginar uma oportunidade melhor para mostrar o que vem a seguir em tecnologia”, explicou Van Bedient, gerente de desenvolvimento estratégico da Adobe, à revista Wired.
Não há, contudo, planos de estender a novidade para um episódio completo de 30 minutos. “Há uma limitação de movimentos e, depois de um tempo, pode parecer repetitivo”, justificou Al Jean a Entertainment Weekly. “Apesar de ser mais barato filmar em direto, não se pode fazer peças complicadas como as pessoas esperam numa animação. Faremos tudo o que pudermos em três minutos”, afirmou.