A esperança média de vida aumentou cinco anos entre 2000 e 2015, o crescimento mais rápido desde os anos 1960, mas o mundo ainda se depara com enormes desigualdades, alerta a Organização Mundial de Saúde (OMS).

A edição deste ano das Estatísticas Mundiais de Saúde, publicadas anualmente pela OMS desde 2005, conclui que a esperança média de vida de uma criança nascida em 2015 era de 71,4 anos (73,8 para as mulheres e 69,1 para os homens), mais cinco anos do que em 2000.

No entanto, as perspetivas dependem muito do local onde essa criança nasceu: Se for uma menina e tiver nascido no Japão, pode esperar viver até aos 86,8 anos (a mais alta esperança média de vida), mas se for um rapaz na Serra Leoa o mais provável é viver apenas 49,3 anos (a mais baixa).

“O mundo fez grandes avanços na redução do sofrimento desnecessário e das mortes prematuras provocadas por doenças que podem ser prevenidas e tratadas, mas os ganhos têm sido desiguais”, disse a diretora-geral da OMS, citada num comunicado da organização.

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Margaret Chan defende que se ajude os países a trabalharem para alcançar a cobertura universal de saúde baseada em fortes serviços primários: “É o melhor que podemos fazer para garantir que ninguém fica para trás”.

Segundo as estimativas da OMS, que reúnem dados de 194 países relativos a uma série de indicadores, nomeadamente mortalidade, doenças e sistema de saúde, o aumento da esperança média de vida registado desde 2000 representa uma inversão face ao declínio que se verificara nos anos 1990, particularmente em África, devido à epidemia de Sida, e na Europa de Leste, com o colapso da União Soviética.

O aumento deve-se sobretudo ao continente africano, onde as melhorias na sobrevivência infantil, os progressos no controlo da malária e o aumento do acesso aos antirretrovirais permitiram esticar a esperança média de vida em 9,4 anos.

Hoje, em média, um africano pode esperar viver 60 anos.

Mas há 22 países da áfrica subsaariana – entre os quais Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Guiné Equatorial – que não atingem sequer esse limiar.

No extremo oposto, há 29 países, todos eles de alto rendimento, e entre os quais se encontra Portugal, que têm uma esperança média de vida igual ou superior a 80 anos.

Um outro indicador é a esperança de vida saudável, uma medida do número de anos com saúde que um recém-nascido em 2015 pode esperar ter.

Segundo as estimativas da OMS. a esperança média de vida saudável é de 63,1 anos a nível global, (64,6 anos para as mulheres e 61,5 anos para os homens).

Em geral, a esperança de vida saudável é em média 11,7% mais curta do que a esperança média de vida, mas a diferença entre países varia entre 9,3% e 14,7%.

O relatório deste ano foca-se também nas metas para a saúde definidos nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável adotados em 2015 pela Assembleia Mundial de Saúde, apontando falhas importantes nos indicadores, que terão de ser preenchidas para se conseguir avaliar o progresso alcançado.

Por exemplo, cerca de 53% das mortes a nível mundial não são registadas, embora vários países, incluindo o Brasil, a China, o Irão, a África do Sul e a Turquia, tenham feito progressos nesta área.

Entre outras conclusões, o relatório deste ano estima em 5,9 milhões o número de crianças que morre antes dos cinco anos e em 303 mil o número de mulheres que morrem devido a complicações com a gravidez ou o parto.

Cerca de 156 milhões de crianças com menos de cinco anos têm baixa estatura e 42 milhões sofrem de excesso de peso.

Todos os anos, dois milhões de pessoas são infetadas com o VIH e 9,6 milhões desenvolvem tuberculose.

O número anual de casos de malária é de 214 milhões e 1,7 mil milhões de pessoas precisam de tratamento para doenças tropicais negligenciadas.