“Em 2015, vendemos para países como o Japão, passando pela China, Polónia, à República Checa, Itália, Inglaterra, Dinamarca até aos Estados Unido e Canadá. Estamos, realmente, nos continentes todos, com exceção da Austrália”, afirma à agência Lusa o presidente da administração da conserveira, Rogério Veiros, adiantando que mais de 50% da produção anual é já para exportação.

Esta conserveira existe na vila da Calheta desde a década de 1940 mas, depois de vários anos parada, foi reativada pela Câmara Municipal em abril de 1995 e, em 2009, foi adquirida pelo Governo Regional, tendo ganhado “nova vida”.

Numa ilha conhecida essencialmente pelo queijo de São Jorge, a produção de conservas tem vindo, nos últimos 20 anos, a conquistar notoriedade e credibilidade interna e externa, aliando métodos de produção ancestrais à qualidade e tecnologia, adianta Rogério Veiros.

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“A Santa Catarina, que hoje emprega 130 funcionários, a grande maioria mulheres, ao longo destes anos apostou na diferença e tem recebido prémios nacionais. Iniciou o ano passado um processo de submissão das suas conservas a concursos internacionais e já fomos premiados naqueles que são considerados os ‘Óscares’ dos produtos alimentares”, destaca o responsável, dizendo acreditar que a conserveira irá começar a ter resultados líquidos positivos dentro de dois anos.

Manuela Santos, de 42 anos, é uma das duas funcionárias mais antigas na conserveira, empresa para a qual entrou em 1995 e, desde então, tem assistido à sua consolidação.

“Quando entrei fazia de tudo, desde atendimento ao público, lançamento da gestão da conta corrente, processamento de vencimentos. Trabalhava seis meses por ano”, lembra, acrescentando que era o período durante o qual havia matéria-prima para laborar.

A funcionária, atualmente chefe dos serviços administrativos, adianta que “foi assim durante bastante tempo”, mas quando a conserveira cresceu começou a trabalhar o ano todo “os serviços foram separados por áreas”.

Manuela Santos assegura que “o ambiente foi e continua a ser familiar” numa empresa que nada tinha em 1995 e que com o tempo foi sendo apetrechada, primeiro com uma máquina de escrever, depois uma calculadora e, mais tarde, com computadores e sistemas informáticos.

“Nunca imaginei trabalhar numa conserveira, mas gosto. Foi um amor que foi crescendo”, afirma a funcionária, destacando a importância da fábrica para o desenvolvimento económico e social das famílias, do concelho e da ilha.

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Atualmente, a Santa Catariana produz atum com batata-doce, pimenta da terra, molho cru, sementes de funcho e óleo biológico, entre outros, uma gama em constante evolução, cumprindo padrões internacionais de qualidade inerentes à certificação obtida em 2015 na área de indústria alimentar, informa o administrador.

Do plano de investimentos para 2016 faz parte a aquisição de um armazém em Lisboa, que servirá como centro logístico para a operação da conserveira no continente e mercado de exportação.

Rogério Veiros adianta que, atualmente, a indústria conserveira nos Açores, que passou de sazonal a permanente, dá emprego a 750 pessoas, em diferentes empresas dispersas por várias ilhas do arquipélago.