O quinto episódio da sexta temporada (“The Door”) de Game of Thrones (HBO) desvendou alguns dos maiores segredos da série, até então guardados a sete chaves e objeto das maiores teorias e especulações. O episódio foi para o ar esta segunda-feira em Portugal (canal Syfy) e deixou os fãs da saga com mais dúvidas do que certezas: o que acontecerá a partir de agora a algumas das personagens centrais da trama? Ninguém sabe.

Além das muitas pontas soltas que deixou, este quinto episódio teve também outro significado: a season (que contará com 10 episódios) entra agora na sua segunda metade, pelo que o ritmo vai acelerar definitivamente. E os segredos desvendados também — recorde-se que esta é a primeira temporada da série pensada por David Benioff e D.B. Weiss que ultrapassa a timeline da obra original criada por George R.R. Martin. A expectativa é enorme.

Aviso: a partir daqui, já sabe. O aviso é repetido vezes e vezes sem conta, mas nunca é demais fazê-lo. Não há mais como evitar os spoilers. Se não quiser ser surpreendido pelos novos desenvolvimentos, não continue a ler este artigo. O aviso está feito. Se continuar, não se esqueça: “Valar Morghulis”, ou, em bom português, “todos os homens têm de morrer”.

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“Hold the door”? Nooooo….

Vamos ao essencial: o quinto episódio da sexta temporada de Game of Thrones é um episódio absolutamente nuclear para todos os que querem perceber a adaptação televisiva d’As Crónicas de Gelo e Fogo, o mundo fantástico idealizado por George R.R. Martin. Com ele percebemos, pela primeira vez, a origem dos grandes antagonistas da série: os White Walkers foram, na verdade, criados pelos Filhos da Floresta, criaturas mágicas, poderosas e, aparentemente, do lado bom da força.

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Pois, o twist é de tal forma surpreendente que merece ser explicado com mais calma. Em tempos idos, muito antes do momento em que se desenrola a trama, os Filhos da Floresta ocupavam grande parte do território imaginado por George R.R. Martin. Com a chegada dos Primeiros Homens a Westeros — os ancestrais de Ned Stark e companhia — a disputa territorial provocou um conflito em larga escala.

Perante a extinção iminente, sem capacidade militar para enfrentar o avanço dos Primeiros Homens, desesperados com o caos e a morte, os Filhos da Floresta decidiram criar os White Walkers, o único exército capaz de travar a ofensiva.

O plano revelou-se desastroso. Perante um inimigo comum, bem mais poderoso e mortífero, Primeiros Homens e Filhos da Floresta viram-se obrigados a unir forças para combater os White Walkers. E assim nasceu a Muralha de Gelo, a grande fronteira que separa Westeros das Terras de Sempre Inverno.

Milhares de anos depois, o Inverno está de volta. E assim voltamos ao quinto episódio da sexta temporada de Game of Thrones. Novo conselho: aperte novamente o cinto — o caminho é atribulado, conta com viagens no tempo e duas das mortes mais devastadoras de toda a obra.

Bran Stark (Isaac Hempstead-Wright) continua a desenvolver as suas capacidades de Vidente Verde com o Corvo de Três Olhos (Max von Sydow). Neste episódio, a série mostra-nos Bran a tentar explorar pela primeira vez os seus poderes de forma autónoma — ou seja, viajar ao passado a solo, sem a supervisão do Corvo de Três Olhos. Não podia correr de forma pior.

O que acontece a seguir precipita tudo: na viagem ao passado, Bran Stark tem um encontro com White Walkers e é marcado. A série parece indicar que depois desse encontr, o feitiço que protege o esconderijo de Bran & companhia desaparece e os White Walkers conseguem finalmente encontrar e cercar o pequeno grupo.

Consciente do fim iminente, o Corvo de Três Olhos grita para que todos fujam imediatamente e acompanha Bran na sua última viagem ao passado, mais precisamente a Winterfell, no dia em que o pai, Ned Stark (Sean Bean), se prepara para deixar Winterfell rumo ao Vale. Fixe este pormenor: o jovem Willy (que virá a tornar-se Hodor) observa tudo distância.

Enquanto isso, no presente, Meera Reed (Ellie Kendrick) e Hodor (Kristian Nairn) preparam tudo para a fuga. Mas o plano estava condenado ao fracasso. Os White Walkers intercetam o grupo e começam o ataque. Em estado letárgico, Bran é incapaz de reagir e Hodor, um homem simples, traumatizado e apenas capaz de responder a tudo com um enigmático “Hodor” — daí o nome –, fica paralisado pelo medo. E ele é o único capaz de transportar Bran (paralisado da cintura para baixo).

Chega, inevitavelmente, a primeira morte devastadora: na ânsia de proteger o grupo, Verão, o lobo gigante que acompanha Bran desde o início da série, ataca as criaturas e acaba morto. A morte do lobo não deixa de ter um grande simbolismo: o Verão morreu e o Inverno chegou. Ao mesmo tempo, Meera tenta desesperadamente acordar Bran — só ele, controlando a mente de Hodor, seria capaz de despertar o pequeno gigante do estado de pânico em que se encontra. Mas Bran continua na sua trip ao passado.

Aqui, e de alguma forma que a série ainda não explicou, mesmo preso no passado, Bran consegue ouvir os gritos de Meera e decide controlar a mente de Hodor — nós avisámos que era complicado.

Com o pequeno gigante sob controlo de Bran, o pequeno grupo encaminha-se para a saída da gruta onde se encontra. Mas os outros já estão demasiado perto. A única solução é Hodor ficar para trás, segurando a porta que separa a gruta do exterior, enquanto Meera grita sucessivamente: “Hold the Door” (“Segura a porta!”). E Hodor sacrifica-se por eles, enquanto a câmara mostra os últimos momentos de vida do bom gigante.

No passado, o jovem Willy sofre violentas convulsões e vai repetindo as últimas palavras que ouve de Meera. “Hold the Door”, “Hold the Door”, (…) “Hodor”. O significado do nome de Hodor, um dos maiores segredos da série, era assim revelado.

No fundo, foram as ações do Bran do futuro que, ao alterarem o passado, causaram o colapso emocional e mental de Wylis, transformando-o para sempre em Hodor. Wylis experimentou a sua própria morte no futuro e não resistiu. Um exemplo perfeito do efeito borboleta e que abre milhares de possibilidades para o futuro da série — desde logo uma: Bran pode ou não influenciar eventos do passado?

Além da morte de Verão e Hodor, os últimos Filhos da Floresta e o próprio Corvo de Três Olhos parecem ter sido dizimados durante o ataque dos White Walkers. Isto significa que Bran terá agora de prosseguir o seu treino sozinho. O que pode acontecer a seguir, ninguém sabe.