A greve no Porto de Lisboa está a causar um prejuízo diário de 100 mil euros e a nova administração tem como mandato retomar a sua viabilidade com o que estiver ao seu alcance, disse esta terça-feira a ministra do Mar.

“A nível de diminuição da faturação dos operadores do Porto de Lisboa a estimativa que apresentam é de 300 mil euros por dia”, referiu Ana Paula Vitorino, que falava à margem do V Encontro “Triângulo Estratégico: América Latina-Europa-África” que esta terça-feira termina em Lisboa e no qual participou.

“No entanto, fizemos um balanço a nível nacional, com transferência de carga e aumento dos custos dos outros portos e, conseguindo ponderar alguns dos que são dos prejuízos diretos sobre as empresas que utilizam os portos, chegamos à conclusão de que existe no mínimo um prejuízo a nível nacional de 100 mil euros”, precisou.

Ao considerar que esta paralisação, no âmbito de um conflito “que se prolonga há quatro anos”, põe em causa a “sustentabilidade do Porto de Lisboa” e “afeta a economia nacional”, a ministra reconheceu que “a razão nunca está só de um lado mas existem limites que não podem ser ultrapassados”

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E precisou: “Um limite que não podia ser ultrapassado já foi, pôr em causa a viabilidade económica do Porto de Lisboa. O mandato que a nova administração tem é retomar a viabilidade do Porto de Lisboa e poderá fazê-lo com o que estiver ao seu alcance do ponto de vista legal”.

Ana Paula Figueiredo sublinhou que, “ao contrário de outros”, o Governo não está a violar a lei da greve ou a legislação aplicável em nenhuma das áreas.

“A viabilidade do Porto de Lisboa tem de ser recuperada cumprindo a lei e para isso os terminais têm de funcionar. Ou funcionam ou têm de se arranjar alternativas”, assinalou.

Os estivadores estão esta terça-feira concentrados no Porto de Lisboa devido à presença de uma equipa da PSP, numa medida de prevenção para a retirada de contentores retidos há cerca de um mês naquele local, quando começaram a greve.

O presidente do Sindicato dos Estivadores classificou de “terrorismo psicológico” e “atentado ao Estado de direito” o anúncio do despedimento coletivo e a presença da PSP no Porto de Lisboa, para acompanhar retirada de contentores retidos.

Os operadores do Porto de Lisboa vão avançar com um despedimento coletivo por redução da atividade, depois de o Sindicato dos Estivadores ter recusado, na sexta-feira, uma nova proposta para um novo contrato coletivo de trabalho.

A decisão do recurso ao despedimento coletivo foi tomada depois de, na sexta-feira passada, o Sindicato dos Estivadores, em greve desde 20 de abril, ter recusado a proposta de acordo de paz social e para a celebração de um novo contrato coletivo de trabalho para o trabalho portuário no porto de Lisboa.