O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, disse esta terça-feira que o Estado vai atuar com “grande firmeza” e que as forças da ordem vão intervir para levantar os bloqueios organizados pelos sindicatos nas refinarias tal como aconteceu nas últimas horas em Marselha.

“Já chega. É insuportável ver como as coisas estão”, disse Valls à rádio Europe 1, acrescentando que outras refinarias “vão ser libertadas”, referindo-se à atuação da polícia que na manhã desta segunda levantou o bloqueio dos sindicatos na refinaria de Marselha.

Segundo as autoridades, os bloqueios provocados pelos piquetes sindicais nas refinarias estão a deixar centenas de postos de abastecimento sem gasolina.

A Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT), que coordena os protestos contra a reforma da legislação laboral e que organiza os bloqueios, refere que a ação policial em Fos sur Mer, Marselha, causou vários feridos entre os manifestantes.

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A intervenção da polícia permitiu a entrada de camiões cisterna, que vão agora abastecer as gasolineiras da região de Marselha, sul de França.

De acordo com o secretário de Estado dos Transportes francês, cerca de 20 por cento dos postos de abastecimento em todo o país ficaram “totalmente ou parcialmente” sem combustível, nos últimos dias.

Segundo a agência France Presse, não se regista atividade em pelo menos seis das oito refinarias francesas devido à greve dos trabalhadores que responderam à convocação da CGT e de outras centrais sindicais (FO e Sud) sobre a paralisação sem termo definido.

O secretário-geral da CGT, Philippe Martinez disse hoje que a mobilização contra a lei apresentada pela ministra do Trabalho, Myriam El Khomri, é uma demonstração de protesto da maior parte da população francesa contra “um governo autoritário que recusa qualquer forma de diálogo”.

Entrevistado pela estação de televisão BFM-TV, Martinez avisou que as últimas operações policiais contra os piquetes de greve, em 2011, foram consideradas ilegais pela Organização Mundial do Trabalho (OIT), durante as greves que se registaram na altura nas refinarias francesas.

Questionado sobre a possibilidade de uma greve geral em França, o líder da CGT disse que não gostava do termo, acrescentando que está em curso “a generalização da mobilização”.

“Estamos determinados e queremos ir até ao fim, para que a lei seja retirada”, disse o líder sindical, poucos minutos depois de Valls ter afirmado que o “texto (legislação laboral) não vai ser retirado” e que vai seguir o regimento parlamentar.

Até ao momento, a lei não foi discutida, nem votada pelo parlamento de Paris.

A partir de quarta-feira começa uma paralisação de dois dias no setor ferroviário e na quinta-feira estão marcadas uma paralisação “intersetorial” e várias manifestações, em todo o país.

Entretanto, a CGT convocou uma greve dos transportes metropolitanos de Paris, a partir de 2 de junho, por tempo indeterminado.