A 53.ª Feira Nacional da Agricultura/63.ª Feira do Ribatejo, que se realiza de 04 a 12 de junho em Santarém, vai destacar a fruta nacional, reforçando a aposta na relação dos produtores com os consumidores e na componente técnica.

Luís Mira, administrador do Centro Nacional de Exposições e Mercados Agrícolas e secretário-geral da Confederação de Agricultores de Portugal (principal acionista do CNEMA), disse à agência Lusa que é preciso cada vez mais que o setor comunique com os consumidores e mostre “como é que se faz a agricultura dos dias de hoje”.

Realçando o facto de a Feira da Agricultura que se realiza em Santarém ser “a única de cariz nacional”, Luís Mira afirmou que o certame mostra aos consumidores como a agricultura que esta quarta-feira se pratica se faz “com uma grande incorporação de tecnologia”.

“É uma agricultura que utiliza computadores, ‘drones’, sensores, que se faz com base em dados recolhidos e não em saberes do passado. É um setor com muita necessidade de tecnologia e que consegue produzir alimentos mais baratos que há 30 anos, fruto de uma Política Agrícola Comum e de uma revolução tecnológica de que muitas pessoas nem sequer têm noção exata”, afirmou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Um dos destaques da feira será a conferência internacional “Os grandes desafios para a inovação na agricultura”, que terá a participação dos comissários europeus da Agricultura, Phil Hogan, e da Inovação, Carlos Moedas, e do diretor-geral do Fundo das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, José Graziano da Silva.

O seminário, agendado para 09 de junho, insere-se num conjunto de perto de 40 conferências e ‘workshops’ sobre temas que vão das questões da contabilidade, financiamento, investimento às questões da internacionalização e das exportações ou, ainda, relativas à produção e à alimentação.

O destaque dado à fruta portuguesa — na própria decoração, com a realização de eventos e a existência de um espaço dinamizado pela Federação Nacional de Organizações de Produtores em que cada dia é dedicado a uma fruta — decorre do aumento da capacidade produtiva e de exportação e também de ser um tema “a que os consumidores dão cada vez mais atenção”.

Luís Mira referiu a evolução registada na dieta alimentar, em que se passou de uma valorização da carne para uma valorização das frutas, dos hortícolas, dos legumes.

Tendo em conta o tema escolhido, as pessoas que tenham no apelido o nome de uma fruta podem entrar gratuitamente no certame, desde que se registem até ao final deste mês na página da Internet do CNEMA, disse.

Prosseguindo o esforço iniciado há anos, o CNEMA procurou melhorar as condições para os visitantes, com colocação de mais sombras e a climatização das naves, e promete uma decoração “especial” para o certame, que contará com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na inauguração.

Para Luís Mira, a passagem pelo certame das principais figuras da política nacional revela o reconhecimento da importância do setor e do papel dos agricultores (que representam 5% da população portuguesa, 2% da europeia), numa Europa que escapa ao drama da fome que afeta 800 milhões de pessoas no Mundo.

Sublinhando que a FNA chegou a um patamar em que não pode crescer mais, Luís Mira referiu que tanto o número de visitantes (próximo dos 200.000) como de expositores estabilizaram, embora a área aumente, em particular devido à realização da Fersant, Feira Empresarial da Região de Santarém e da Lusoflora de Verão.

O administrador do CNEMA destacou a aposta na melhoria das condições tanto para as pessoas como para os animais, que continuam a representar uma área importante do certame e que este ano estarão concentrados e colocados em “curraletas” que dispõem de teto térmico.

Deixando os grandes concertos (uma aposta do passado) para os muitos festivais de música que já se realizam no país, o CNEMA decidiu “investir no mais tradicional”, reforçando a salvaguarda das características muito próprias da Feira de Santarém, evoluindo, sobretudo na resposta à animação que os mais jovens procuram, acrescentou.