Tanques militares, equipas antimotins e pontos móveis de controlo policial foram distribuídos pelas forças de segurança por vários sítios da capital venezuelana, no dia em que a oposição anunciou concentrações em várias cidades do país

As concentrações foram convocadas para protestar contra a decisão do Supremo Tribunal de Justiça de proibir manifestações públicas nas proximidades das sedes do Conselho Nacional Eleitoral.

Funcionários da Guarda Nacional Bolivarina (polícia militar) colocaram postos de controlo em importantes pontos e ruas de Caracas, inclusive na ‘Cota Mil’, autoestrada que liga, pelo norte, o leste com o centro da capital, congestionando o trânsito.

Por outro lado, na entrada da Universidade Central da Venezuela foram colocados nove tanques militares, situação que está a ser contestada pela Federação de Centros Universitários (FCU), organismo que convocou estudantes e trabalhadores de várias universidades para realizar, esta quarta-feira, várias concentrações de protesto para reclamar também contra falta de recursos e reivindicar melhores condições laborais.

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Hasler Iglesias, presidente da FCU, queixou-se aos jornalistas da militarização do país, alegando que “o movimento estudantil não é violento”.

“Responsabilizamos o Governo nacional pelas ameaças, pressões e detenções arbitrárias que possam ocorrer contra estudantes inocentes. Fazemos um apelo para que prevaleça a justiça, que se respeitem os direitos humanos e o direito a manifestações pacíficas e livres”, disse.

Por outro lado foram também instalados tanques militares junto do Supremo Tribunal de Justiça.

A 22 de março, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela (STJ) proibiu a realização de manifestações nas proximidades das sedes do Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

A proibição consta de uma sentença publicada na página de internet do STJ, ordenando à Guarda Nacional (polícia militar) e à Polícia Nacional da Venezuela que “adotem as medidas de segurança necessárias para proteger permanentemente as sedes do CNE e arredores”.

Essas medidas, segundo o texto, têm como objetivo “impedir atos não autorizados, marchas, protestos, concentrações não permitidas e manifestações violentas, convocadas pelas organizações políticas e civis, que possam limitar o acesso dos trabalhadores e perturbar o normal funcionamento das sedes do CNE a nível nacional”.

A decisão do STJ surgiu na sequência de um pedido dos funcionários do CNE que disseram ter sido expostos a situações de risco que ameaçavam a sua integridade física.

Segundo os trabalhadores do CNE, foi um “facto notório que a Mesa de Unidade Democrática (aliança opositora) convocou concentrações para as proximidades do CNE, para exigir àquele organismo o cumprimento dos prazos para a realização de um referendo revogatório” do mandado do Presidente da República, Nicolás Maduro.