O presidente russo Vladimir Putin criticou hoje as sanções da União Europeia (UE) por considerar que impedem uma “cooperação verdadeira” e um relacionamento benéfico, mas a Alemanha já negou qualquer recuo por parte da Europa.

“A Rússia defende a necessidade de manter um diálogo com a UE no espírito de igualdade e de uma verdadeira parceria numa variedade de questões que vão desde a liberalização dos vistos à formação da aliança energética”, disse Putin em declarações ao jornal grego Kathimerini, na véspera da sua visita à Grécia.

Segundo o presidente, a Rússia não vê qualquer “vontade” por parte da UE para empreender este caminho “promissor” que seria um “benefício mútuo”.

“A Rússia e a União Europeia chegaram a um ponto em que devemos responder à seguinte pergunta: Como vemos o futuro das nossas relações e como vamos continuar?”, disse Putin, insistindo na sua visão de criar uma “zona de cooperação económica e humanitária” baseada numa arquitetura de segurança em pé de igualdade.

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A harmonização dos processos de integração da Europa e Eurásia seria um passo importante nesse sentido, acrescentou.

Em causa estão as sanções da UE à Rússia impostas devido à ocupação da Crimeia no conflito no leste da Ucrânia.

Putin considera que as sanções provocaram uma redução do comércio bilateral com a Grécia, um país que considera ser um “parceiro importante” na Europa com a qual mantém uma “amizade secular” e partilha a cultura e valores religiosos.

Segundo o presidente russo, o comércio com aquele país caiu um terço no ano passado (2.460 milhões de euros).

No entanto, o chefe de Estado russo está otimista de que as relações com a União Europeia possam voltar ao normal: “Acreditamos que as nossas relações com a UE não vão enfrentar problemas que não conseguiremos resolver. Para voltarmos a ter uma cooperação multifacetada, devemos deixar de lhe dar uma deficiente abordagem unilateral. É necessário criar um verdadeiro respeito pelas opiniões e interesses dos outros”, diz.

Entretanto, o ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, já veio defender que as sanções económicas à Rússia devem ser mantidas por considerar que Moscovo não fez progressos na implementação dos compromissos de Minsk.

Em declarações aos jornalistas, Schäuble disse que a maioria da Europa entende que as sanções devem ser mantidas e que “infelizmente não é possível remover as sanções”.

A União Europeia não pode aceitar, argumentou o ministro, o uso de “violência” para resolver conflitos políticos.

Os acordos de resolução do conflito, assinados em Minsk, na Bielorrússia, em fevereiro do ano passado, sob a mediação francesa e alemã na presença do presidente russo, Vladimir Putin, pedem o cessar-fogo, juntamente com uma série de medidas políticas, económicas e sociais para acabar com o conflito no leste da Ucrânia.

Para Schäuble, melhorar as relações entre Berlim e Moscovo é algo que deve acontecer “hoje em vez de amanhã”.

Contudo, o ministro referiu que a resolução do assunto não está nas mãos do Governo alemão e que depende da vontade da Rússia, um país “importante” para a Alemanha, tanto em termos políticos como económicos.