Azulejos de padrões tipicamente portugueses, janelas com cortinados que mais parecem de casas de bonecas, um coreto com enfeites a lembrarem os Santos Populares e muitas brincadeiras de rua. É através de pormenores como estes que se contam histórias de outros tempos a crianças dos três aos 17 anos, no Páteo dos Pequeninos.

O projeto é recente e faz parte do Páteo Alfacinha, um espaço que recria a Lisboa do antigamente numa grande casa familiar perto do Palácio da Ajuda, em Lisboa. Todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, e mediante marcação, é possível aos mais pequenos fazerem aquilo que normalmente não encontram na escola nem na cidade dos nossos dias: jogar ao pião, ver filmes a preto e branco, saltar à macaca, usar uma máquina fotográfica de rolo, ir à Tasca das Tradições e à Casa da Mariquinhas, ou ainda visitar uma padaria e uma barbearia à antiga.

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A Casa da Mariquinhas, imortalizada no fado cantado por Amália (entre outros). Foto: Michael Matias/Observador.

O espaço que recria a Lisboa de outros tempos já existia, os materiais antigos recolhidos de diferentes cantos da cidade também. A partir daí, Catarina Van Epps, violoncelista profissional e responsável pelo projeto Páteo dos Pequeninos, reuniu uma equipa de profissionais de diferentes áreas como a música, a literatura, a dança, a educação, a fotografia e a animação, e juntos pensaram em formas pedagógicas de aproveitar este sítio para convidar um público muito exigente — as crianças.

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As reações não se medem pelo tamanho e entre quem visita o Patéo dos Pequeninos há sempre muitas dúvidas a satisfazer.

Já nos perguntaram se antigamente as pessoas viviam a preto e branco. Outras crianças comentam o porquê de naqueles tempos não existir eletricidade, nem sequer computador ou televisão. Para além disso, partilham connosco as conversas e as explicações vindas dos avós. O verdadeiro entusiasmo é quando interagem com os materiais, quer sejam cordas, latas, pedras ou pneus. Ficam fascinados e percebe-se que é importante haver esta ligação tão próxima”, conta Catarina Van Epps.

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Entre as várias atividades disponíveis é possível colar fotografias antigas, numa espécie de Instagram centenário. Foto: Michael Matias/Observador

Com o objetivo de recriar o que acontecia na cidade entre os anos 20 e os anos 50, há seis ateliês à disposição das crianças, com várias atividades associadas: fabrico de pão, literatura, danças tradicionais, música, artes plásticas e animação. Ouvem-se pregões, fica-se a conhecer a história da Maria Lavadeira, veem-se fotografias antigas, dançam-se danças tradicionais, salta-se à corda e jogam-se jogos de tabuleiro como o do galo e até o das pedrinhas.

A Playstation não entra, mas o objetivo é mesmo esse: estimular a imaginação, ao mesmo tempo que se mantém viva a identidade lisboeta.

O quê? Patéo dos Pequeninos
Onde? Rua do Guarda Joias, 44 (junto ao Palácio da Ajuda, em Lisboa)
Quando? Todas as manhãs, de segunda a sexta-feira, mediante marcação
Contactos: 21 364 2171; comercial@pateoalfacinha.com
Preço: Varia de acordo com os ateliers a frequentar e o número de participantes
Site: www.pateoalfacinha.com