O histórico militante socialista Manuel Alegre recusa que o Governo e a maioria parlamentar de esquerda que o apoia sejam uma “geringonça” e que o termo “é uma invenção” da direita para degradar o acordo governativo.
Intervindo na sessão de encerramento do congresso da federação distrital do PS, que hoje decorreu em Coimbra, Manuel Alegre homenageou o líder socialista e primeiro-ministro António Costa e deixou “uma grande homenagem a Jerónimo de Sousa [secretário-geral do PCP] e também à Catarina Martins” [porta-voz do Bloco de Esquerda], pela “solução democrática” encontrada no apoio ao Governo.
“Sem esta solução, a outra seria o PS a ser capturado pela direita”, afirmou Manuel Alegre, frisando que um acordo desse género seria “um atentado à razão histórica” que levou à criação do PS “que é a defesa dos mais fracos”.
Manuel Alegre disse ainda que o Governo e o acordo parlamentar que o sustenta “está a ter um papel pioneiro” na Europa e que o primeiro-ministro António Costa “não provoca mas também não se deixa provocar” pelos líderes europeus e pelo setor financeiro. “António Costa não afronta mas também não se põe de joelhos perante a Europa”, sustentou.
Destacou ainda o papel do PCP e do BE que “têm aprovado soluções que não são fáceis de aprovar” mas que são o garante da estabilidade e “impedem o regresso da direita ao Governo”, disse. “Estamos a fazer uma revolução pacífica”, disse.
Alegre apelou ainda à “pacificação” do PS de Coimbra, aconselhando a liderança federativa a promover o diálogo interno.
Já o líder distrital do PS de Coimbra, Pedro Coimbra – que hoje viu confirmada, no congresso, a reeleição para o cargo, obtida em lista única nas eleições diretas de 21 de maio, com mais de 87% dos votos, garantiu apoio “empenhado e dedicado” ao governo liderado por António Costa.
“A tal ‘geringonça’ funciona bem e tem dado um belo exemplo ao país”, frisou Pedro Coimbra.
Entre outros objetivos, Pedro Coimbra quer voltar a vencer as eleições autárquicas no distrito – onde o PS possui a liderança de 12 das 17 câmaras municipais – e “contribuir para a pacificação” do PS distrital, depois das criticas à sua liderança.
A esse propósito, Pedro Coimbra revelou ter convidado António Manuel Arnaut – o anunciado candidato à Federação que desistiu antes das eleições, alegando irregularidades no processo – e outros militantes contestatários para integrarem órgãos da Federação de Coimbra “mas todos recusaram”.