O terceiro dia do Rock in Rio 2016 prometia ser dos mais barulhentos, e assim foi. Os Metz foram infernais, mas antes estiveram em palco dois exemplos do bom rock luso.

A abrir, certinhos que nem um fuso, o trio das Caldas da Rainha ligou os amplificadores. Repetiram várias vezes “somos os Cave Story”, estiveram descontraídos e não se deixaram intimidar pela falta de público, ainda escasso em todo o recinto, porventura pela hora vespertina e por se tratar de um dia de semana. Desfilaram temas dos dois EP já publicados e provaram porque mereceram ganhar o prémio de melhor banda no Vodafone Boyscout do Vodafone Mexefest, em 2014. Não só são uma jovem banda tecnicamente competente, como são empenhados e até gentis. Foram um excelente motor de arranque para o dia mais ruidoso do festival.

Às seis da tarde, foi a vez dos Glockenwise. Sem apresentações, entraram a rasgar, o barulho foi logo muito para cumprir com a promessa. O quarteto de Barcelos meteu o pé no acelerador e, durante 45 minutos, ofereceram ao público do melhor garage rock feito em Portugal. Deram graças ao bom tempo que contrariava a previsão de chuva e fizeram, com aquela música, uma banda sonora que só pecou por ter uma pista ainda com pouca gente. O ainda último álbum Heat (2015) foi o centro das atenções, mas também por ali se ouviram temas dos discos anteriores. “Foi uma honra” estar ali, disseram eles. Foi nossa também.

Seguiram-se os METZ, uma banda canadiana mundialmente conhecida pela extraordinária capacidade de fazer (bom) barulho. São apenas três e chegam para encher as medidas e a linha de estilo que se identifica por noise rock. Ao segundo tema (“Knife”) já se abria uma clareira junto ao palco para o moche, uma festa de empurrões alegres que se repetiu várias vezes, durante a atuação.

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Nestes dias ainda não tínhamos visto o Palco Vodafone com tanta energia. Quem não sabia o que era isso do noise rock, terá por certo ficado a saber, tamanha era a pressão sonora que fazia tremer, literalmente, o corpo – particularmente a vibração do baixo em distorção.

Este “barulho”, chamemos-lhe assim, tem um estranho efeito libertador, difícil de explicar. Porque, ao contrário das revoadas de moche, há na música aparentemente caótica dos METZ uma grande dose de ordem. E nesse aspeto, o trio canadiano foi exemplar, do princípio ao fim, quer na música, quer na atitude.

Contas feitas ao resto do dia, foi ali no Palco Vodafone que se assistiu ao melhor espetáculo deste terceiro dia do Rock in Rio Lisboa 2016.