Autarcas e médicos no Algarve reconhecem que o Ministério da Saúde tem tomado algumas medidas, mas meramente pontuais e transitórias, estando ainda por resolver os problemas estruturais do setor da Saúde na região.

“Aceito as medidas tomadas no curto prazo, mas continuo muito preocupado, impaciente e espero que agora nos tragam coisas mais concretas”, disse à agência Lusa o presidente da Câmara de Olhão, António Pina (PS).

O ministro da Saúde comprometeu-se, numa visita a Faro em 11 de março último, a acabar, até ao fim de maio, com as “dificuldades inaceitáveis” que a falta de médicos no Algarve tem provocado na região.

“Não vejo que se tenha resolvido nada nos últimos meses”, afirmou, numa posição ainda mais crítica, Rogério Bacalhau (PSD), presidente da Câmara de Faro.

A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve elencou, a pedido da agência Lusa, as medidas tomadas para “debelar a crónica carência de recursos humanos na Região” e considera que elas permitiram já eliminar as “dificuldades inaceitáveis” identificadas pelo ministro Adalberto Campos Fernandes.

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As decisões “mais significativas” vão desde a abertura de 30 vagas de colocação de especialistas em Medicina Geral e Familiar e o regresso à atividade no Serviço Nacional de Saúde de médicos aposentados.

Foi ainda celebrado um acordo de colaboração na especialidade de Ortopedia entre o Centro Hospitalar do Algarve, o Centro Hospitalar Lisboa Norte, o Centro Hospitalar Lisboa Central e o Centro Hospitalar de Setúbal, para apoio à Urgência do Algarve, dois dias por semana.

Outra medida considerada importante foi a conclusão de um acordo de colaboração na especialidade de Oncologia Médica entre o Centro Hospitalar do Algarve e o Centro Hospitalar Lisboa Norte para o envio de uma equipa de especialistas para a unidade hospitalar de Portimão.

O secretário Regional do Sindicato dos Médicos, João Silva Dias, concorda que “as intenções do sr. ministro são boas, mas os problemas não se resolvem de um dia para o outro” e “a situação de carência de médicos não está a ser resolvida”.

Ortopedia, cirurgia e anestesia são as especialidades com mais problemas e que requerem medidas para trazer e fixar permanentemente pessoal médico no distrito de Faro.

Os dois autarcas com os quais a Lusa falou consideram que, em termos gerais, as medidas tomadas são transitórias e não resolvem os problemas de fundo.

Os problemas estruturais do setor não se resolvem em três meses, concordou António Pina, que espera agora por “medidas de fundo” para se acabar com problemas como a escassez de médicos especializados nas várias valências.

Rogério Bacalhau considerou positiva a abertura de lugares para médicos de família, mas alertou que tudo o resto “está na mesma, os problemas continuam a agravar-se e as listas de espera continuam a aumentar”.

“Só se pode resolver o problema quando um Governo considerar a situação como prioritária e tomar medidas para fixar os médicos”, afirmou o presidente da Câmara de Faro.

O secretário Regional do Sindicato dos Médicos concordou que, “para deslocar definitivamente profissionais da saúde para o Algarve, têm de ser dadas condições para os atrair”.