Quem tem filhos ou crianças pequenas ao seu cuidado vê-se muitas vezes confrontado com situações como febre, diarreia ou vómitos. Especialmente para aqueles que têm menos experiência, lidar com estes problemas pode ser motivo de ansiedade e insegurança, resultando muitas vezes numa ida desnecessária ao médico ou à urgência do hospital.

Mas, de cada vez que as crianças são levadas às urgências por causa de uma febre, aumenta a probabilidade de trazerem para casa uma nova infeção apanhada nos corredores. Já imaginou se pudesse evitar este transtorno? Na verdade já pode, usando a Saúde 24, mas em breve poderá também fazê-lo com uma aplicação no telemóvel – a Bebé app.

“Mais de 50% das consultas realizadas nos Serviços de Urgência de pediatria são classificadas como não prioritários ou inadequadas”, referem os mentores do projeto.

Esta aplicação ajuda os pais e cuidadores, porque, se reconhecer febre, diarreia ou vómitos pode ser mais ou menos fácil, tratar estes sintomas de forma eficiente não é do conhecimento de todas as pessoas. Mas esta aplicação também ajuda os médicos: ao diminuir a quantidade de crianças no atendimento, os médicos têm mais tempo para se dedicarem aos problemas realmente graves.

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A internet é muitas vezes um recurso fácil para encontrar informação sobre um determinado tema de saúde, mas existem muitos dados errados e muitas opiniões sem base científica, que podem colocar a saúde da criança em risco. O projeto Bebé app quer contribuir para a melhor formação e informação dos pais: foi desenvolvido por médicos e duas organizações de apoio à família – Vida Norte e Banco do Bebé -, e tem contado com o apoio da Direção-Geral de Saúde (DGS).

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Numa primeira fase, a aplicação foi testada por um grupo de famílias carenciadas no norte do país, para perceber se o sistema era de fácil utilização e se os conceitos eram bem entendidos pelos utilizadores. A Bebé app estará disponível dentro de dois meses, pelo menos assim espera o coordenador do projeto, Bernardo Ferreira, médico de Medicina Geral e Familiar na Unidade de Saúde Familiar Lóios (Lisboa). Neste momento, aguardam apenas a validação da DGS.

No futuro, Bernardo Ferreira espera que seja possível adicionar outros problemas, como tosse ou queda, ou retirar funções que venham a perceber que não são usadas pelos pais. O padrão de utilização também pode ser um indicador da saúde da população, refere o médico. Imagine-se que um grupo de cuidadores na mesma região procura, num período de tempo próximo, informação sobre diarreia. Pode ser sinal de um problema mais generalizado naquela zona.

A linha de apoio telefónico Saúde 24 (808 24 24 24) continua a ser um recurso indispensável, especialmente para quem não tiver acesso à aplicação ou tiver dificuldades em usá-la. A ligação a esta está disponível na própria aplicação e pode até ser um dos conselhos finais ao utilizador.

O projeto foi financiado em 15 mil euros, pela Fundação Millenium BCP, e a aplicação será gratuita para os utilizadores.

A aplicação foi apresentada durante o debate “Comunicar saúde: como aproximar jornalistas e médicos?”, no Congresso de Comunicação de Ciência – SciComPt 2016, que decorreu nos dias 26 e 27 de maio, em Lisboa.

Correção (2016-05-31, 00h00): a DGS ainda não aprovou a versão final da app.