Ancara vai abandonar o acordo com a União Europeia para reduzir o fluxo de migrantes se os seus cidadãos não tiverem isenção de vistos para o espaço Schengen, o espaço europeu de livre circulação, alertou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Turquia.

Mevlut Cavusoglu, o ministro dos Negócios Estrangeiros turco, disse ser “impossível” para Ancara alterar as leis antiterrorismo que Bruxelas deseja ver estreitadas e que impõe como uma das condições para a liberalização dos vistos.

“Já lhes dissemos ‘Não vos estamos a ameaçar’ mas há uma realidade. Assinámos dois acordos [com a União Europeia] e os dois estão interligados”, disse Cavusoglu, em declarações aos jornalistas na cidade turca de Antalya.

“Isto não é uma ameaça mas é necessário para um acordo”, afirmou.

Segundo Cavusoglu, a Turquia irá recorrer a medidas “administrativas” para bloquear o acordo, se necessário.

Os líderes europeus insistem que a Turquia tem de cumprir 72 condições antes de ter direito a isenção de visto para os seus cidadãos, incluindo alterar a sua definição de ‘terrorismo’ de modo a deixar de abranger académicos e jornalistas, por vezes acusados de “propaganda terrorista”.

“De que definição estão a falar? Cada país na Europa tem uma definição diferente de terrorismo”, disse o ministro.

O acordo UE-Ancara, fechado a 18 de março e negociado para travar a vaga migratória através do mar Egeu, prevê que todos os migrantes que tenham entrado ilegalmente na Grécia desde 20 de março sejam devolvidos para o território turco. O protocolo prevê ainda a abertura de novos capítulos nas negociações para a adesão turca à UE.

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