Os olhos brilhavam, mas o coração já não batia. Foi assim que um bebé com cerca de um ano foi resgatado do Mar Mediterrâneo, na sexta-feira, por um alemão da Sea-Watch. A ONG disponibilizou a fotografia (no tweet abaixo) à Reuters, via correio eletrónico juntamente com a história, para que se fizesse algo mais para assegurar a passagem dos refugiados naquele mar manchado de sangue.

“Agarrei o antebraço do bebé e puxei o corpo leve para os meus braços de uma vez, como se estivesse vivo… Os braços esticaram-se com os pequenos dedos no ar, o sol brilhou nos seus olhos brilhantes e amigáveis, mas imóveis”, contou Martin, que não quis mencionar o nome de família. O alemão disse que encontrou o bebé na água, como se fosse um “boneco, com os braços esticados”.

O bebé afogou-se juntamente com 44 pessoas na sexta-feira, depois de o barco de madeira em que seguiam afundar. Segundo a Reuters, 45 corpos chegaram ao porto italiano de Reggio Calabria no domingo, num navio da Marinha, que ainda assim salvou 135 passageiros do mesmo acidente.

“Comecei a cantar para me reconfortar e para dar algum tipo de expressão a este incompreensível e triste momento”, contava no e-mail Martin, um terapeuta com três filhos, que recorre à música para ajudar os seus pacientes. “Seis horas antes esta criança estava viva”, lamentou.

Segundo a Reuters, já morreram mais de oito mil pessoas no Mar Mediterrâneo desde o início da crise dos refugiados, em 2014. Resta saber se esta fotografia terá o mesmo impacto que a de Aylan, o menino de três anos encontrado sem vida à beira-mar numa praia da Turquia, no ano passado.

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