Fazer previsões económicas não é fácil. Estas podem ser mais ou menos “conservadoras e prudentes” ou podem ser tingidas pelo “alarmismo” ou pela “lucidez”. A dificuldade em fazer previsões não vem nada a calhar porque é sobre elas que assentam documentos de política económica cruciais, como o Orçamento do Estado. Mas um grupo de investigadores finlandeses acredita que é possível antecipar para onde vão indicadores económicos como a taxa de desemprego através de uma ferramenta por (quase) toda a gente: o motor de pesquisa da Google. E o caso português é um caso de estudo.

O Research Institute for the Finnish Economy (ETLA, na sigla original), em Helsínquia, não foi o primeiro a notas que é possível detetar tendências económicas através de elementos como pesquisa na internet ou posts nas redes sociais. Mas este grupo, que usou a taxa de desemprego em Portugal como amostra, acha que se consegue saber para onde vai a taxa de desemprego com cerca de três meses de avanço (em relação à divulgação dos indicadores).

Basta olhar para a frequência com que se procuram termos como “subsídio de desemprego” ou “fundo de desemprego” no Google.

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O gráfico da Bloomberg mostra a evolução da taxa de desemprego em Portugal desde 2008. É a linha branca, que sobe até perto de 18% no pico da crise económica. Os investigadores finlandeses acrescentaram a esse gráfico a evolução de um “índice Google” que inclui a pesquisa por termos associados ao desemprego, isto é, os termos que alguém que está prestes a cair no desemprego (ou acaba de cair nessa situação) terá mais tendência para procurar no Google.

A olho nu é possível ver que a linha azul tem uma tendência clara para acompanhar — ou melhor, antecipar-se à evolução da taxa de desemprego reportada trimestralmente pelo Eurostat (o gabinete de estatísticas da Comissão Europeia).

“A atividade no mundo online está correlacionada com o que acontece no mundo real, e o que é ainda mais importante é que temos a possibilidade de usar essa correlação para prever o que vai acontecer na economia”, afimou Joonas Tuhkuri, um dos investigadores da ETLA. “Há mais de 100 mil milhões de pesquisas no Google todos os meses, e cada pesquisa corresponde a alguém que está a expressar o interesse em alguma coisa”, acrescenta o académico.