O primeiro-ministro tinha avisado, durante o último debate quinzenal: o conflito entre os estivadores do Porto de Lisboa e os operadores portuários terá um preço para a economia, com o Porto de Lisboa a perder atividade tanto para outros portos nacionais, como para Espanha. Esta terça-feira, os dados da Autoridade da Mobilidade e dos Transportes (AMT) colocam um número nos alertas de António Costa: 15,4%.

Esta foi a queda de atividade registada no Porto de Lisboa entre janeiro e abril deste ano, quando comparada com os mesmos quatro meses de 2015, mostra o relatório de acompanhamento do mercado portuário, divulgado pela AMT. Já os números de março revelavam uma diminuição da atividade do Porto de Lisboa, na ordem dos 9,1%, mas agora as perdas intensificaram-se.

No que toca à movimentação de contentores, só no mês de abril as operações do Porto de Lisboa caíram quase para metade: houve uma redução de 46,3%.

O sistema de “vasos comunicantes” de que falou o primeiro-ministro aos deputados fica à vista. Ao mesmo tempo que Lisboa perde atividade, Sines reforça o seu peso, representando já 53% da carga total movimentada nos portos do continente nos primeiros quatro meses deste ano. É o equivalente a 15,6 milhões de toneladas de carga, o que representa um volume de operações portuárias quase cinco vezes superior às de Lisboa.

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Já o Porto de Lisboa perdeu peso a nível nacional: a sua quota caiu 0,9 pontos percentuais, para 10,9%. Também o Porto de Leixões pesa mais do que o de Lisboa, tendo uma quota de 19,8% do total.

Foi no mercado de contentores que o porto da capital mais caiu nos primeiros quatro meses do ano, tendo recuado 25,3% até abril, em termos homólogos. Setúbal foi o porto que mais cresceu neste segmento de contentores, com um aumento de 38,3%.

Ainda assim, a AMT assegura que o movimento dos portos do continente registou “a melhor marca de sempre nos períodos homólogos, com um acréscimo de 2,3% comparativamente ao valor registado em 2015″. Foram 29,4 milhões de toneladas de carga operada. O principal contributo para este desempenho positivo foi mesmo o do Porto de Sines, cuja atividade aumentou 12,4%.