A vice-presidente do PSD Maria Luís Albuquerque acusou esta terça-feira o Governo de ser “irrealista e irresponsável por insistir num cenário macroeconómico em que já ninguém acredita”. A ex-ministra das Finanças falava na sede do PSD para comentar os dados hoje divulgados pelo INE, registando que a economia portuguesa cresceu 0,9% no primeiro trimestre de 2016 face ao período homólogo do ano passado. E que apontava para uma quebra do investimento. “Os dados confirmam o abrandamento do crescimento da economia”, afirmou a dirigente social-democrata.

“A economia não cresce com o investimento a afundar, e sem investimento não há crescimento nem criação de emprego”, disse a ex-ministra das Finanças, sublinhando que os dados de crescimento do primeiro trimestre de 2016 mostram que Portugal está a crescer “abaixo da média europeia”, o que faz, disse, com que seja hoje “claro” que as “metas não vão ser atingidas”.

Segundo Maria Luís Albuquerque, que ainda espera a atualização das previsões económicas da OCDE (divulgadas amanhã), o abrandamento do crescimento económico deve-se mais às “políticas” do atual Governo do que às “condicionantes externas”. Nesse plano, a dirigente social-democrata lembra que há até “aspetos favoráveis” como os níveis “historicamente baixos do preço do petróleo” ou as “políticas do BCE, que estão mais fortes do que antes”. Por isso, “o principal problema não é externo, são as políticas internas”, disse aos jornalistas em conferência de imprensa na sede do partido.

Quando questionada sobre quais as políticas concretas do atual governo que estavam a travar o crescimento económico, a ex-ministra das Finanças apontou o exemplo da “trapalhada” da lei das 35 horas e o “retrocesso” no setor portuário a propósito do acordo alcançado com os estivadores do Porto de Lisboa. “O Governo andou seis meses a assobiar para o lado e quando quis intervir, quis resolver tudo no próprio dia, e acabou a ceder a todas as reivindicações”, disse, sublinhando que o acordo dava um “sinal errado”.

Sobre a lei da reposição das 35 horas na função pública, Maria Luís Albuquerque alertou para a potencial “perda de competitividade”, lembrando que Portugal “já desceu três posições no ranking”. Mas disse não ter dúvidas de que os partidos da esquerda se iam entender quanto aos avanços e recuos em torno da lei, nomeadamente sobre o regime faseado de aplicação da lei.

“É preciso que o Governo reverta esta estratégia e faça o que é preciso ser feito”, atirou a dirigente social-democrata, sublinhando que a reposição de rendimentos prometida pelo atual Governo acabou por ser “só para alguns” e acabou por ser “compensada” com o “aumento de impostos indiretos para todos”. Ou seja, “o efeito líquido da recuperação de rendimentos não é assim tão grande”, disse.

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