O antigo inspetor da Polícia Judiciária (PJ) Paulo Pereira Cristóvão e outros 17 arguidos começam, esta quarta-feira, a ser julgados num processo relacionado com assaltos violentos a residências, na zona de Lisboa e na margem sul do rio Tejo.

Três polícias e o líder da claque leonina Juve Leo, conhecido por ‘Mustafá’ estão entre os 18 arguidos, que respondem por associação criminosa, roubo, sequestro, posse de arma proibida, abuso de poder, violação de domicílio por funcionário e falsificação de documento.

Segundo o despacho de acusação do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso, o antigo inspetor da PJ e também antigo vice-presidente do Sporting, dois outros arguidos e os três polícias recolhiam informações e decidiam quais as pessoas e locais a assaltar pelo grupo.

Depois, as informações eram transmitidas aos restantes elementos, que compunham a vertente operacional da alegada rede criminosa, refere a acusação.

Durante os assaltos, descreve o MP, “os arguidos simulavam ser agentes policiais que realizavam buscas domiciliárias, apresentando documentos identificados como mandados de buscas, que tinham sido previamente elaborados/falsificados por um dos agentes da PSP”.

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O despacho de pronúncia, a que a Lusa teve acesso, acrescenta, por seu lado, que, “através de violência e ameaças, designadamente com recurso a armas de fogo, procuraram os arguidos intimidar e dominar as vítimas para mais facilmente se apropriarem dos seus bens e valores […], visando obter um enriquecimento que sabiam ser ilegítimo”.

“O ‘modus operandi’ e violência demonstrada pelo grupo, na execução dos factos descritos na acusação, criou um sentimento geral de insegurança entre a população residente nas zonas em que atuaram”, adianta o despacho do juiz Carlos Alexandre.

Em relação aos três polícias (dois homens e uma mulher), “além de violarem os seus deveres funcionais, traíam a confiança e o sentimento de segurança das pessoas que era suposto zelarem, mas por quem demonstraram um evidente desprezo e falta de respeito”, sublinha a pronúncia.

O início do julgamento está agendado para as 9h30 na Instância Central Criminal de Lisboa, Juiz 23, no Campus da Justiça.