Na reunião de 10 de março, o BCE decidiu cortar todas as taxas de juro, passando a taxa diretora para 0%, pela primeira vez na história da instituição.

Após a última reunião de política monetária, de 21 de abril, que deixou as taxas de juro inalteradas, o presidente da instituição, Mario Draghi, defendeu que se deve dar mais tempo para que as medidas adotadas pelo BCE produzam efeitos e revelem a sua “eficácia”.

De acordo com os analistas ouvidos pela agência Lusa, não são esperadas quaisquer alterações à política monetária do BCE.

Para o economista-chefe do Montepio Geral, Rui Bernardes Serra, na conferência de imprensa que se segue à reunião do BCE, “a autoridade deverá realçar a aceleração observada pelo PIB [Produto Interno Bruto] no primeiro trimestre e o facto de as subidas nos preços do petróleo nas últimas semanas terem impacto nas perspetivas para a inflação”.

“Face às decisões anunciadas na reunião de março e ao normal desfasamento entre as decisões de política monetária e os seus efeitos na economia, não esperamos novidades na próxima reunião do BCE”, referiu.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Em todo o caso, de acordo com Rui Bernardes Serra, a autoridade monetária deverá continuar a “deixar a porta aberta para novos estímulos, caso as condições económicas não evoluam em linha com as perspetivas do BCE”.

Na mesma linha, o gestor da XTB, Eduardo Silva, referiu que a expectativa dos analistas é de que o BCE continue a monitorizar o impacto das medidas de facilitismo anunciadas em março.

“Apesar de a inflação continuar negativa, deveremos assistir a uma revisão em alta das projeções, principalmente para 2018. O ‘brent’ recuperou 80% desde os mínimos de janeiro e 20% desde o anúncio das medidas expansionistas, fator que alivia a pressão sobre a inflação”, acrescentou.

Também o economista do Banco Carregosa Rui Bárbara considera que a reunião de hoje será feita sem grandes novidades: “É mais do mesmo. A mensagem vai continuar a ser a mesma, a economia europeia continua a crescer pouco, há o risco da entrada em deflação, tal como aconteceu no Japão. A mensagem será a mesma das últimas reuniões”, disse em declarações à Lusa.