O secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, disse esta quinta-feira que vai encaminhar para a Polícia Judiciária uma carta endereçada por um grupo de professores que denuncia perseguições e ameaças num colégio de Fátima.

“Temos uma carta de professores de um colégio de Fátima a relatar abusos absolutamente inadmissíveis nos horários de trabalho e nos direitos das pessoas, que irá ser entregue na Judiciária”, frisou o dirigente aos jornalistas, no protesto que decorreu esta quinta-feira, em Coimbra, em defesa da escola pública.

Segundo Mário Nogueira, no concelho de Coimbra as escolas públicas há muito tempo que têm capacidade de resposta para todos os alunos, “no entanto, tem-se vindo a alimentar um conjunto de colégios particulares com dinheiros públicos, duplicando assim a despesa do Estado”.

“O que é curioso é quem tem vindo a contestar o fim dos contratos já deixou de falar disso, porque já perceberam que o problema é de ordem legal, da Lei de Bases, e já começaram a falar de outras coisas, que não têm nada a ver com o que está em discussão, como a qualidade, a liberdade de escolha e o emprego”, sublinhou.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O secretário-geral FENPROF mostrou-se preocupado com o emprego dos professores dos colégios, que “começaram a ser despedidos no início do ano letivo, quando esses patrões aumentaram em 20% o horário de trabalho dos professores, não porque iam ter menos trabalho de financiamento, mas para ficarem com esse dinheiro e terem lucros maiores”.

“Os professores do ensino particular têm sido os grandes prejudicados em todo este processo, no que tem sido o lucro de milhões dos seus patrões”, disse ainda Mário Nogueira.

Convocada por diretores de escolas públicas, a que se juntaram o Sindicato de Professores da Região Centro e FENPROF, a manifestação juntou várias centenas de professores e encarregados de educação na Praça 08 de maio.

“Estamos aqui contra o rentismo (viver de rendas) de Estado e para dizer que estamos contra as Parcerias Públicas Privadas (PPP) na educação”, salientou Serafim Duarte, presidente do conselho geral do Agrupamento de Escolas de Coimbra Oeste.

No protesto, o dirigente escolar incentivou o Governo a investir na escola pública os milhões de euros que vai poupar com a redução dos contratos de educação, para que a “escola pública responda com mais qualidade às necessidades da população e dos alunos”.

Além de docentes, participaram também na ação encarregados de educação e defensores da escola pública, como Ana Isabel Janelas, de Coimbra, que disse não “fazer sentido a existência de contratos de associação, a não ser onde não haja escola pública”.

“Andei na escola pública, tenho uma licenciatura, as minhas filhas também andaram na escola pública, e lutarei sempre para que haja uma escola pública de qualidade e robusta”, referiu.

O protesto contou com a participação do presidente da Câmara de Coimbra e da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Manuel Machado, que se juntou aos participantes já no decorrer da iniciativa, aplaudindo as intervenções efetuadas.